segunda-feira, 27 de agosto de 2012

É TEMPO DE (DES)POLÍTICA: AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS


                Para aqueles que, como eu, pensam a política como algo importante, e que sua ação deve se pautar por ideias e princípios, a eleição municipal é um tremendo desapontamento. Ocorre de tudo nos pleitos locais: xingamentos, fanatismo, proselitismo exacerbado. O que menos ocorre é política.
                Não que com o nível de consciência do nosso eleitorado, isso não aconteça nas eleições estaduais e nacionais, mas no município a coisa é endêmica, quase estrutural, principalmente nos do interior, como o meu. Observe qualquer fórum de discussão nas redes sociais, converse com qualquer pessoa numa calçada, e você irá confirmar o que estou dizendo. As pessoas não votam naqueles que acham mais honesto, mais preparado, com as melhores ideias. Quase ninguém pensa a sua cidade no conjunto, globalmente, com o mínimo de espírito cívico. Vota-se em quem é parente. Vota-se em quem garante empregos fáceis aos amigos. Vota-se em “quem papai vota”. Enfim, vota-se num prefeito, ou num vereador, como quem escolhe a cor da camisa que se usa. O cara não vota naquele que vai cuidar da cidade, mas naquele que vai cuidar dos seus interesses particulares. Muitos não vão assumir isso, principalmente os pedantes com ar de politizado, mas quase todo mundo age assim. Claro que há os convictos, esclarecidos, mas representam tanto a minoria, que seus apelos por uma análise mais consciente chegam a agredir a maioria.
                Sendo assim, eleições municipais, no mais das vezes, se configuram como momentos de despolítica. São momentos em que o ataque e o insulto, valem mais que o argumento. Em que o parentesco com alguém importante é uma qualidade. Em que a filiação partidária, pouco ou nada importa, sendo praticamente um acessório obsoleto. Em que todas as práticas feias da política (clientelismo, nepotismo, fisiologismo) são assumidas a plenos pulmões, sem constrangimentos, e alçadas a qualidades de um homem prático e preparado para o poder. São momentos decepcionantes, mas que nos motivam para continuar a luta, a nós, homens conscientes e politizados. Façamos então do nosso pequeno gesto, umas dedadinhas numa urna, algo como que um protesto contra todo esse horrível atraso. Quem sabe com o tempo, as pessoas se conscientizem do valor que ele tem para o bem da cidade e para a saúde da democracia. 

sábado, 18 de agosto de 2012

A ARROGÂNCIA DO EX-IMPÉRIO

Depois de uma cansativa semana de trabalho, estava eu lendo alguns blogs na rede, me preparando para escrever sobre a ameaça, por parte do governo britânico, aquele mesmo que deu asilo a Pinochet, contra a embaixada do Equador em Londres, quando me deparei com este belo artigo de Paulo Moreira Leite, que trata sobre o mesmo assunto. Apesar de trabalhar num órgão da mídia manipuladora, a revista Época, Paulo merece toda a nossa admiração, pois sempre trata os assuntos com o máximo possível de razão e imparcialidade. Segue o artigo, que pode ser lido também em http://colunas.revistaepoca.globo.com/paulomoreiraleite/

LIBERDADES SELETIVAS


Pois é, meus amigos. Coube ao governo de Rafael Correa, apontado como inimigo da liberdade de imprensa, acusado de ser um candidato a ditador latino-americano, boliviariano de carteirinha, a primeira e até agora única iniciativa para defender os direitos de Julian Assange, o patrono do Wikileaks, responsável pelas mais importantes revelações sobre a diplomacia norte-americana desde a a liberação dos papéis do Pentágono, durante a Guerra do Vietnã.
Você sabe a história. Com auxílio de fontes militares, Assange divulgou pelos principais jornais do planeta um pacote de documentos internos do Departamento de Estado. Mostrou políticos locais bajulando embaixadores. Desmascarou demagogos e revelou pilantras sempre a postos a prestar favores a Washington, contrariando os interesses de seus países.
Graças a Assange, fomos informados de que a embaixada dos EUA em Tegucigalpa sempre soube que a queda de Manoel Zelaya, em 2009, foi um golpe de Estado – e não uma ação em defesa da democracia, como Washington passou a acreditar quando se constatou que seus aliados de sempre haviam se livrado de um adversário bolivariano para governar o país com os métodos reacionários de sempre.
Não é qualquer coisa, quando se sabe que, três anos mais tarde, outro elo fraco da democracia no continente – o Paraguai – seria derrubado num golpe instantâneo, desta vez com apoio de Washington desde o primeiro minuto.
As informações divulgadas por Assange não têm aquela função de entretenimento cotidiano, que alimenta a indústria de comunicação com sua carga regular de fofocas, escândalos, e vez por outra,  grandes reportagens – relevantes ou não.
Ele também não é uma Yaoni Sanchez, a dissidente cubana que faz oposição ao regime de Fidel Castro. Yaoni deveria ter todo o direito de trabalhar em paz, ninguém discute.
Num período de Murdoch na Inglaterra e jornalismo cachoeira no Brasil, Assange atua em outra esfera e assumiu relevância mundial.
Veicula informações de interesse público, confiáveis e fidedignas, que nos ajudam a entender como o mundo funciona nos bastidores da vida real e não nos coquetéis promovidos por empresas de relações públicas. Seu trabalho contribui, efetivamente, para elevar a consciência de nossa época. E é por isso que incomoda tanto. Pressionadas, até corporações financeiras gigantescas, como Visa e Master Cards, deixaram de receber as contribuições que sustentavam o Wikileaks.
Num mundo em que tantos pilantras e delinquentes se enrolam na bandeira da liberdade de expressão para aplicar golpes e divulgar mentiras, Assange recoloca em termos atuais o debate sobre sigilo da fonte. Defender o sigilo da fonte, muitas vezes, é apenas uma obrigação em nome de um direito maior, que envolve uma proteção universal.
A defesa da liberdade de imprensa, muitas vezes, é feita apesar da imprensa. APESAR de seus erros, apesar de seus desvios, não se pode aceitar  a censura e por isso defendemos o direito da imprensa errar. É essa situação que leva muitas pessoas a defender – com indignação risível – profissionais e veículos que cometem grandes barbaridades e veiculam delinquências em letras de forma só porque tem certeza da própria impunidade.
Julian Assange provocou escândalos porque não precisava ser tolerado nem defendido. Jamais publicou uma informação errada. Jamais pode ser acusado de falsificar um único dado. E, em nova ironia da história, o soldado  que é apontado como  sua fonte permanece preso, incomunicável, há quase 3 anos, num quartel dos Estados Unidos.
Com tais antecedentes, você não teria receio de ser raptado e levado sem julgamento para uma prisão nos EUA?
Estamos assim. Libera-se a fonte dos picaretas e malandros. Prende-se  a fonte do Wikileaks. Murdoch e seus empregados que espionavam famílias e cidadãos inocentes, corrompendo policiais para conseguir segredinhos e ganhar dinheiro, tem direito a constituir advogado, comparecem a julgamento, se defendem. Já o Wikileaks é tratado na força bruta.
Há outra ironia, porém. Abrigado na representação do Equador em Londres, Assange precisa de um salvo conduto para deixar o país. O governo Cameron  se recusa a fornecer o documento. Conforme notícia dos jornais, até ameaça invadir a embaixada, o que seria, vamos combinar, um escândalo dentro de outro. Assim, o governo  que protegeu e alimentou tantos empregados de Rupert Murdoch e sua fábrica de mentiras, resolve jogar duro contra uma organização que até agora só publicou verdades indesmentíveis.
Tempos estranhos, não?

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

ESTAMOS DE VOLTA


            Todo aquele que escreve, pode fazê-lo pelos mais variados motivos. Há quem o faça comercialmente. Há quem o faça por dever profissional. Pode-se escrever por passatempo, para documentar um momento ou para informar os outros. No meu caso, não sei por que o faço. Será por vaidade? Ou será para buscar espaço? Será por achar que tenho algo importante para dizer? Talvez. Não sei. O que sei é que acho necessário fazer isso, nem que seja pra ficar em paz comigo mesmo.
            Foi partindo dessa premissa, que decidi reativar o blog, que estava parado desde abril, primeiro por falta de acesso meu à rede, e depois porque voltei a trabalhar, após dois anos praticamente parado, o que me tomou toda a concentração. Nesse meio tempo, no entanto, senti falta desse espaço. Percebi que precisava expor opiniões, defender e criticar ideias. E que escrever é uma boa maneira de colocar tudo pra fora. Percebi também que precisava fazer alguns ajustes, para melhorar o conteúdo do blog, a periodicidade das postagens, e o número de leitores:
1.      Para manter os textos de forma que não atrapalhe meu tempo de trabalho, será publicado, no mínimo, um texto de minha autoria por semana, mais especificamente nos sábados. Isso não quer dizer que não possam surgir outras eventuais postagens, ou postagens de outros autores. Significa que, com a menor tiragem, os textos serão maiores e mais bem trabalhados. E há assuntos de sobra para serem tratados, como o julgamento do mensalão ou o novo programa do Pedro Bial.
2.                                 O blog terá uma nova página, a ser produzida com o tempo, em que serão publicados textos longos, de muitas páginas, como minha monografia, e de outras pesquisas que estou fazendo, sobre teologia da libertação, intolerância religiosa, racismo e sexismo, aborto, história das Copas do Mundo e jornalismo na era Lula, entre outras coisas, como alguns romances que já estou preparando. Isso levará tempo, mas já adiantarei espaço para ler no blog.
3.                                  Estou também tentando aumentar o número de leitores. Esse é um ponto importante, porque são os leitores que fazem a dinâmica do negócio, principalmente os que comentam e, dentre estes, principalmente os que discordam. Esse blog pode funcionar sem leitores, e funcionará, como já vem fazendo, mas não tem a mesma graça. Se tiver de ser assim, no entanto, paciência! Já tentei Orkut e Twitter, mas acho que o Facebook é o melhor instrumento para publicizar o blog. Vou manter o meu (http://www.facebook.com/jorgeluiz.maiadefreitas.7) sempre atualizado e informado sobre novidades. Espero sinceramente que surta efeito. Se não, tentaremos outros caminhos no futuro.
4.      Alguns coisas mantêm-se, como as páginas “Você Sabia? Para Formadores de Opinião”, que tentarei rechear com mais informações, e “Música Imprescindível”. No último caso, será mantida a de abril (a ótima Jardim das Acácias, de Zé Ramalho), reestreando a partir de setembro.
No mais, os assuntos e as ideias são as mesmas. Agradeço àqueles que continuaram lendo o blog, mesmo parado, e aos meus distintos seis seguidores. E antecipo meus agradecimentos àqueles que vierem a visitá-lo e, principalmente, comentá-lo, nem que seja pra fazer críticas. Meu interesse é colaborar com os debates. Quem quiser colaborar também, o espaço está aberto. Até porque, aqui nada é censurado. Obrigado!
Estamos de volta!!!