quarta-feira, 5 de março de 2014

MENTECAPTOS DO CONTRA

Um dos tipos mais mentecaptos que existe é o "rebelde sem causa". Aquele sujeito que é contra tudo. Não que não se deva ser contra as coisas! Há muita coisa contra as quais chega a ser um dever lutarmos. Mas toda luta, pressupõe antes de um "contra", um "a favor". É exatamente aí que mora o problema do tipo que falo. O RSC é simplesmente contra (contra Deus, contra o governo, contra o mundo), totalmente desprovido de critérios positivos. Ele não apresenta alternativas. Ele nem sequer cogita a existência delas. Até porque, se a bendita alternativa vingar, ele vai ser contra ela também. Ser "do contra" é sua razão de viver!

Digo isso porque muitos desses pobres mentecaptos (de quem devemos ter pena, antes de tudo), na ânsia por meterem o pau no PT e no governo Dilma, estão abraçando tudo que tragam esse discurso, sem ler atenciosamente as entrelinhas (não ler é típico desses coitados), e entrando em enormes roubadas.

Há uma marcha programada para o dia 22 de março, que se diz um repeteco cinquentenário da famigerada Marcha da Família com Deus pela Liberdade (por sinal, nada divina e nada libertária). Eis que basta esse evento se colocar, em letras garrafais, como "O POVO CONTRA DILMA", para literalmente excitar os ânimos dessa gente. "Se é do contra, tô dentro!" Esqueceram de prestar atenção (devem ser contra prestar atenção também) que uma das propostas do movimento, como há cinquenta anos, é "intervenção militar". Como esse povo é tão "do contra", que devem inclusive ser contra estudar e se informar, não atinam a perceber que a expressão é um eufemismo boçal para golpe militar, ou seja, a derrubada de uma ordem estabelecida legalmente pela soberania popular (pra quem não sabe popular vem do latim "populus" - povo, que no grego se diz "demos", daí vindo o nome democracia - "poder do povo").

Faço portanto um alerta ao RSC. Como sei que ele vai ser contra um governo ilegítimo, instalado pela força das armas, seria melhor ele pensar nisso antes e ter mais atenção e critério para estabelecer uma hierarquia de coisas que devemos lutar contra. Não se pode ser contra tudo ao mesmo tempo! Não se pode ser contra a mentira e a verdade! Devemos ser a favor de algo. E algo que possamos segurar por muito tempo. Pode-se ser contra Dilma, aliás deve-se, se se achar oportuno! Mas ser contra a democracia, aí o preço é muito alto!