terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O DESPOTISMO ESCLARECIDO CONTEMPORÂNEO


            Uma das grandes tentações dos pensadores da chamada modernidade, ou mesmo pós-modernidade, é decretar o fim ou a morte das coisas. Já se decretou a morte da filosofia, da história, do comunismo e até de Deus. Pretendo escrever um artigo posteriormente sobre isso. Nesse momento quero me debruçar sobre um texto do filósofo e professor português Desidério Murcho em que decreta outro fim: o da política. (http://criticanarede.com/fimdapolitica.html)
            O autor começa explicitando o que ele chama de mito contemporâneo: o de que a liberdade e a democracia são direitos fundamentais, sem os quais é impossível viver. Os defensores desse mito considerariam meras exceções países como Rússia, China, e até mesmo EUA, nos quais esses direitos são restringidos em nome da riqueza, como nos dois primeiros, ou da segurança, como no último.
            Na verdade, não seriam meras exceções. Diz ele: “Pensar que a liberdade e os processos democráticos são fins em si é talvez a grande ilusão contemporânea, ilusão que bate na parede inamovível da mentalidade pragmática e sem ideologias da generalidade da população dos países hoje mais ricos.” Ou seja, a maioria das pessoas, interessada somente em sua própria segurança e bem estar financeiro, não se importa pelo regime político sob o qual vive, contanto que essas duas coisas sejam mantidas. Por conseguinte, qualquer breve interesse pela política por parte do povo, viria exatamente como uma busca delas.
            Poderia-se então refutar a grande ilusão humana, trazida até nós pelos gregos, passando pelos Iluministas: a de que seria natural do homem o interesse pela política e de que se isso não ocorria era porque faltava a esse homem a instrução e estabilidade necessárias. Ele continua: “A participação na vida pública não aumentou na Europa, apesar de as pessoas terem agora a riqueza, o tempo e a instrução para o fazer. Não o fazem, porque não estão interessadas em fazê-lo. Preferem ver cinema ou futebol ou televisão, fazer compras, passar férias e fins-de-semana na praia — enfim, mil coisas, mas não perder tempo com a vida pública. O cadáver caminha ainda porque não se pára de ouvir falar na importância da participação na vida pública, a que se chama cidadania. Impõe-se isso como valor nas escolas e na televisão. E não funciona. Nada muda. O acto mais simples de cidadania é votar, mas nem isso a generalidade das pessoas fazem na Europa ou nos EUA.
            O autor faz uma constatação aperentemente fria de algo que deveria ser analisado com mais profundidade. Sua problematização é extremamente rasa. Ele deveria, antes de tudo, se perguntar: o que faz as pessoas continuarem a ser indiferentes à política, mesmo possuindo instrução e riqueza? O que as condiciona a isso? O autor esquece que a massa não é um ente pessoal, concreto, individual. Não possui espontaneidade. O pensamento popular é volúvel, condicionado que é pela imprensa e por outros reprodutores do pensamento dominante. Veja o que ele diz:
            “Basta fazer esta pergunta para ver a raiz do desinteresse que as populações têm pela vida pública. Têm desinteresse precisamente porque não acreditam que a sua participação poderia fazê-los viver melhor — quer porque já vivem bem, quer porque acreditam que todos os políticos são incompetentes para gerir a coisa pública de modo a produzir mais riqueza e mais justiça.
            Ao dizer isso ele defende a idéia errada de que esse pensamento seria inerente à população. Falta uma análise mais aprofundada sobre o processo histórico-social que tornou as coisas assim. Falta também analisar o grau de realidade disso na vida prática. O autor, ao dar status de verdade inquestionável ao juízo popular que, repito, é condicionado pelos discursos dominantes, exime-se de exercer sua função, que consiste, enquanto filósofo, em analisar e questionar a realidade. Além disso, ele parece gostar de modismos, como quando chama a Venezuela de regime populista, ou quando desvaloriza os chamados intelectuais, sendo ele mesmo um deles.
            E não pára por aí. Veja-se, por exemplo, quando ele compara a atividade política com a medicina. “Afinal, não vamos ao médico excepto quando estamos doentes ou para prevenir a doença. Não damos valor intrínseco à medicina.” Ele esquece que assim como no caso da medicina, a saúde política não é permanente. Não dá pra se confiar na natureza humana. A realidade atual é assim, mas não será assim para sempre. O que se deve fazer, e ele como filósofo tem papel preponderante nisso, é buscar soluções para um novo pensar da vida pública.
            O que se apreende no final, é que Desidério defende o “despotismo esclarecido”, versão menos antiga do conceito platônico de “governo dos filósofos”: “Desde que os governantes não abusem do poder para benefícios pessoais ilegítimos e megalómanos, nem para perseguir pessoas fanaticamente, não precisam de fingir que estão interessados em alargar liberdades e imaginadas cidadanias — só precisam de criar condições para que haja riqueza, consumo, bem-estar económico, diversão, liberdade económica.  (...) As novas restrições à liberdade e à democracia não estão ao serviço da tirania brutal e assassina; estão apenas ao serviço da estabilidade e da segurança que permitem a riqueza.” Ou seja, deixe o governo com quem entende, vá viver sua vida, relaxe e goze. “Será este o futuro político da humanidade? Não o modelo da democracia de gritaria, mas um modelo que não se reja por maiorias, nem eleições, nem partidos de oposição, nem gritarias ofensivas nos jornais, mas por competências de gestão económica arduamente demonstradas?” (grifos meus)
Estamos mais uma vez diante daquela noção rasa de que a boa gestão da economia é a salvação do mundo. Pensamentos como esse, de total ojeriza à democracia de verdade, inundam a mente de certos “formadores de opinião”. Nós, que defendemos o fortalecimento do regime democrático, devemos estar sempre atentos e tomar cuidado com esse tipo de idéia, bonitinha na superfície, mas ocultando o que há de mais retrógado em termos de gestão política.   

domingo, 29 de janeiro de 2012

O EX-COMUNISTA


            Meu pai, que era um fumante inveterado, dizia que não há nada pior que um ex-fumante. Aliás, pior que isso só um ex-comunista. Por força de um processo de (de)formação mental inexplicável, o ex-comunista não se torna só um direitista. Ele passa a deter um discurso do mais baixo nível intelectual e analítico e do mais raivoso e desembasado apologismo ideológico. Não se torna um dialogante. Torna-se um sem-argumento, usando do puro ataque como arma discursiva.
            Exemplos pululam por aí: Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Roberto Freire, Aloysio Nunes Ferreira, Soninha Francine, entre outros. E o discurso é sempre o mesmo, algo do tipo: “Na juventude eu era um incendiário, um rebelde. Na minha imaturidade da época, fui doutrinado pelos ideais de Marx, Lenin, Trotsky, Mao, e me tornei contra ‘tudo o que está aí’. Mas, graças a Deus (ou não, já que alguns continuam ateus materialistas) fui crescendo, adquiri maturidade, e vi que a realidade era outra. O que interessa é o emprego, a posição social e o dinheiro. Ir contra isso é pura utopia. Temos agora que livrar o mundo dessa raça, que busca através da mera anarquia, conquistar jovens incautos, como eu fui um dia, na busca por revalorizar a sociedade, tratando com igualdade os desiguais, entregando o mundo ao caos.”
            Quero deixar claro que não estou falando aqui que não se pode mudar ou amadurecer idéias, quando se têm razões para tal. Isso seria traição intelectual. Nem estou dizendo que o comunismo está acima de qualquer crítica. Devemos ter coragem e honestidade, nós da esquerda, para perceber nossos próprios erros, até para que não se repitam. Mas a questão do ex-comunista é mais profunda. Afinal, porque alguém se torna comunista, antes mesmo de conhecer a teoria a fundo? Acredito que a questão primordial é a defesa da justiça social, ideal ético do comunismo. Até porque é isso o que acontece na maioria das vezes. Che Guevara, por exemplo, teria dito uma vez que não era um marxista de origem, mas que havia encontrado no marxismo a base teórico-ideológica para o seu ideal de justiça social. O mesmo aconteceu com líderes populares da América Latina ou do Oriente Médio. O ideal primevo é a luta social, e muitas vezes antiimperialista.
            Mas como explicar a absurda reviravolta? De um dia pro outro defesa do social transforma-se na defesa do capital. Amadurecimento? A experiência de quem conhece as argumentações desses caras, prova a ilogicidade dessa hipótese. Meu palpite é que o ex-comunista é um revoltado consigo mesmo. Não tem coragem, ou inteligência, para defender algo coerentemente. E vive se culpando por isso. Quer viver uma rebeldia idílica, sem prestar contas a ninguém, mas não tem coragem de se desfazer do conforto que os bons empregos, os altos salários e os amigos ricos lhe proporcionam. São aqueles caras que querem entrar pra história, mudar o mundo, lutar pelos pobres, mas não tem peito para enfrentar os sacrifícios que isso acarreta. Mantém a auto-estima baixa. São invejosos. Sua saída, então, é o puro ataque àqueles que são o que sempre sonhou ser, mas não tem coragem. Chama-os de sonhadores, utópicos, idealistas, imaturos. Criam adjetivos para si mesmos, como pragmáticos ou realistas, compensando no seu subconsciente a baixa auto-estima que sente.
            Para comprovar isso, basta comparar o discurso de um ex-comunista, com um direitista “de nascença”. Estes últimos, como o professor Orlando Fedeli, o economista Roberto Campos, ou mesmo o Jair Bolsonaro, concorde-se ou não com suas idéias, e eu não concordo, possuem uma argumentação sem rodeios. Eles têm certeza do que querem e defendem. O ex-comunista, ao contrário, fica horrorizado com quem o chama de direitista. Suas conceituações são arremedos dos discursos da juventude. Eles continuam usando o apelo social e os chavões de um esquerdista. Na verdade, sofrem da mais horrorosa “esquizofrenia intelectual”. Não sabem o que querem, nunca souberam. Sentem um desejo urgente de aparecer. Precisam de platéia para sentir que são alguma coisa, que defendem algo importante.
            Dessa forma fica fácil identificar até um futuro ex-comunista. Eu, por exemplo, conheço vários: aquela jovem filiada ao PSTU, mas que só vai a lugares “chiques”; aquele professor que vive falando em defesa da pluralidade, mas que é intransigente com os outros; aquele rapaz que se orgulha de não assistir à Rede Globo, mas que chama funcionários públicos de vagabundos; aquela feminista radical, mas que só se relaciona com homens farristas, idiotas e extremamente machistas. Mistura de radicalismo irracional com individualismo materialista. 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

CRIANÇAS PALESTINAS SÃO PRESAS E TORTURADAS EM ISRAEL, SEGUNDO INFORMA O THE GUARDIAN


            Os direitos humanos não valem nada em Israel. Até crianças e adolescentes palestinos são mantidos prisioneiros em suas dependências penais, muitas vezes em celas solitárias, onde sofrem interrogatórios agressivos, vivem incomunicáveis e não são assistidos por advogados, segundo informa reportagem do jornal britânico The Guardian, de 22 de janeiro. A jornalista Harriet Sherwood, que fez a reportagem, diz ainda, que registrou denúncias de torturas com choques elétricos e de que algumas crianças são forçadas a confessar crimes que não cometeram. Algumas são detidas à noite, e são levadas algemadas nas mãos e nos pés e com os olhos vendados.
            A maioria dessas crianças é acusada de jogar pedras nos soldados israelenses. O emblemático é que isso acontece em áreas próximas às localidades invadidas por colonos israelenses, que pedem proteção militar ao exército. Os soldados provocam e são atacados pelas crianças, presas de acordo com a lei militar. O governo e as autoridades, claro, negam as acusações. Não sabem fazer outra coisa, não é mesmo? 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

EXIJIMOS: ESSA É BOA!

Deputado Túlio Isac, do PSDB de Goiás, quis ser muito esperto, contar piadinhas e desfazer-se dos adversários de forma infantil. Se deu mal. Muito mal!


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

REINALDO AZEVEDO E A "JUSTIÇA" INJUSTA




           Não dá pra ignorar as pérolas de Reinaldo Azevedo. Em qualquer assunto o cara quer dar pitaco. E claro, sempre defendendo causas indignas. Com o episódio da invasão do Pinheirinho, não podia ser diferente. Tio Rei, como é ridiculamente chamado por seu séquito de fãs-comentaristas, defende com unhas e dentes a ação violenta da polícia. E justifica dizendo que ela só cumpriu decisão judicial, coisa ante a qual não poderia tergiversar. Diz ele:
No Estado democrático e de direito, as determinações judiciais são cumpridas. Refiro-me, obviamente, AO CUMPRIMENTO DE UMA DETERMINAÇÃO JUDICIAL, de que a Polícia Militar não pode declinar, que resultou na desocupação da chamada “Área do Pinheirinho”, em São José dos Campos, em São Paulo. O governo de São Paulo e a Polícia Militar não podem escolher cumprir ou não o que determina a Justiça. Se pudessem, seriam entes soberanos —- na verdade, ditatoriais. O STJ decidiu que a competência era mesmo da Justiça estadual e que a Federal se equivocou. Logo, os invasores do Pinheirinho teriam de sair. E a PM atuou. Dentro da lei.
            Interessante, no mínimo! Principalmente constatando-se que há, sim, determinações judiciais que não são cumpridas pelo governo do estado de São Paulo. Como a que envolve os professores de sua rede pública (cf.:  http://apeoesp.blogspot.com/2012/01/nosso-desafio-agora-e-fazer-o-governo.html). Além disso, essa absolutização da lei (como se todas as leis fossem justas ou imutáveis), acaba por encobrir a noção do que é justo e certo. Até porque há direitos que são conflituosos entre si. Por exemplo: é justo o direito à moradia de milhares de pessoas ser deixado de lado em nome do direito de propriedade de um único sujeito, ainda mais sendo ele o senhor Naji Nahas? Deve existir formas de a legalidade ser uma busca por justiça. Até porque justiça é transcendente. Legalidade é temporal. Cristãos eram devorados na arena porque assim rezava a legalidade romana. Judeus eram executados em câmaras de gás porque assim rezava a legalidade nazista. Negros eram escravizados em fazendas de café porque assim rezava a legalidade do Brasil Imperial. Depois reclamam quando o judiciário é chamado de “justiça burguesa”.
            Quanto a Naji Nahas, deixo a palavra com a própria revista Veja: (http://veja.abril.com.br/infograficos/rede-escandalos/perfil/naji-nahas.shtml):
O empresário libanês naturalizado brasileiro foi apontado pela polícia como responsável por lavar o dinheiro ilegalmente no mercado de capitais. Ao lado de Dantas, Nahas teria montado um esquema de lavagem de dinheiro e de uso indevido de informações privilegiadas. Nas investigações da Satiagraha, agentes armados vasculharam o escritório do investidor em busca de documentos e computadores, mas levaram também uma coleção de obras de arte que adornava as paredes. As telas foram levadas ao Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), por decisão da 6ª Vara Criminal Federal.
A Polícia Federal o prendeu em sua casa em 8 de junho de 2008 - e o STF o liberou alguns dias dias depois. Foi indiciado por evasão de divisas, operação de instituição financeira sem autorização, falsidade ideológica, fraude e formação de quadrilha. Em setembro de 2011, a Justiça Federal negou a Nahas a devolução das obras apreendidas, um conjunto composto por quatro gravuras de Miró e três quadros de Fukushima Tikashi, Sergio Milliet e a tela Eternit Bar. Para a Procuradoria Regional da República (PRR), "o fato de Nahas não conseguir comprovar proveniência de obras de autores renomados só vem a reforçar os indícios de origem ilícita dos bens".
            Depois vêm as contestações. Em outro post, Azevedo critica a fala de Gilberto Carvalho, de que o Pinheirinho era uma “praça de guerra”. A veracidade disso está nas imagens. Ele também diz que as hostilidades começaram quando os próprios moradores se prepararam para o confronto. Agora pensem comigo. Existe um terreno abandonado. Eu não tenho moradia e me aposso dele para pôr minha família sob um teto. Eu e mais outras famílias. Habitamos o lugar por oito anos, criamos raízes e o local é cuidado por nós, como qualquer bairro. De repente há a possibilidade de despejo. Conhecendo o judiciário e a polícia do país, principalmente de São Paulo, sempre ágil para atender os ricos e cheia de nhenhenhém para com os mais pobres, me preparo pro pior. E assim, vou atrás dos meus direitos à moda antiga. Como ser de outra forma? Mas não! No seu legalismo tacanho e no seu ódio a qualquer coisa que defenda a justiça social, Reinaldo chega a entrar em atrito até com a Globo, muito mais branda na cobertura do caso.
            Segundo ele, e continuam as babaquices, a polícia não tem o direito de questionar ordens judiciais. E mesmo que tenha havido posicionamento de um Tribunal Federal, a coisa não é válida, pois não existe subordinação. Ele ainda vai dizer, pra coroar, que a culpa de tudo é, claro, do governo, mais exclusivamente do PT, por não ter manifestado interesse em momento oportuno, antes da tragédia, apesar de haver ação do Ministério Público Federal contra a desapropriação. Como entendo de justiça, mas não entendo os meandros do direito, dou a palavra, neste item ao presidente da OAB, o insuspeito Ophir Cavalcanti: "O que está acontecendo em Pinheirinho é muito grave. É desobediência à ordem judicial. OAB-SP e OAB nacional estão agindo. A vida é o bem maior que o Direito deve proteger. A luta pelos Direitos Humanos é missão da OAB. Independente de respeito ou desrespeito às decisões judiciais, é preciso respeitar os milhares de moradores do local. O governo de São Paulo tem uma boa Procuradoria, que poderia ter orientado a PM neste caso. É um processo antigo, esperar mais dez ou 15 dias não teria problema. As pessoas desabrigadas ficaram em completo abandono, é uma questão de humanidade."
            Mas o pior de tudo, por fim, é ter de aguentar o senhor Azevedo, ou posando de vítima, falando que a imprensa progressista culpa sempre as mesmas pessoas simplesmente por serem adversárias políticas (pode uma coisa dessas?), ou querendo se passar como o único que sempre diz a verdade, sem se ater a pressupostos ideológicos ou partidários (grande Reinaldo!). Seria cômico se não fosse levado tão a sério. A verdade é o que ficou depois da invasão: saques, incêndios, destruição de casas e pessoas desesperadas correndo pra salvar o que sobrou de seu. É a vitória de uma “justiça” tacanha, classista e, incrivelmente, injusta.

PS.: A melhor análise do tema, na minha opinião, foi feita pelo jornalista Ricardo Boechat. Confira abaixo o vídeo:

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A APROVAÇÃO DE DILMA E A DIREITA ESTREBUCHANTE


            A presidenta Dilma Rousseff alcança mais um recorde. Seu índice de aprovação no primeiro ano de mandato, que é de 59%, segundo recente pesquisa realizada pelo Datafolha, é o maior de todos os presidentes pós-ditadura militar (Collor 23%, Itamar 12%, FHC 41% e 16%, e Lula 42% e 50%). Essa aprovação é compartilhada equilibradamente em todas as classes sociais, níveis de escolaridade, faixas etárias, assim como entre homens e mulheres. E tem mais! Ela é considerada “decidida” por 72% dos brasileiros, “inteligente” por 80%, e “sincera” por 70%. Alguns rasos oposicionistas, como Reinaldo Azevedo, já perguntam: e daí?
            Como e daí? Uma chefe de Estado de esquerda consegue, num país democrático e livre, bater recordes de popularidade, tendo toda a mídia, inclusive a empresa proprietária do órgão que fez a pesquisa, sempre contra, e o máximo que se diz é “e daí”? Típico da direita tupiniquim. Sem projeto e sem qualquer perspectiva real de futuro, ela se estrebucha, tentando esconder a importância dos fatos. O povo aprova o governo e não liga mais para os factóides criados pela imprensa partidária. É o aperfeiçoamento da democracia: povo consciente, e não manipulado, no poder. E quem ganha com isso? O Brasil, claro! 

sábado, 21 de janeiro de 2012

PEDANTISMO E IGNORÂNCIA: MARCAS DA MANIPULAÇÃO




            O interesse em manipular fatos, fazer julgamentos estúpidos e trocar as coisas de lugar é uma característica quase que doentia de determinados agentes da mídia. O vídeo acima, extraído do programa Manhattan Connection, exibido pelo canal pago Globo News, é exemplo crasso do que estou falando. Nele, dois jornalistas extremamente pedantes, Diogo Mainardi, autor de Lula é Minha Anta, livro de cabeceira de todo bobalhão anti-petista, contendo o mais rasteiro tipo de análise política, e Caio Blinder, o homem que chamou as esposas dos chefes-de-Estado árabes de “piranhas”, simplesmente por serem bonitas e modernas, expõem suas opiniões, principalmente o segundo, com a baixa qualidade intelectual e o imenso fervor apologético direitista que lhes são próprios, sobre o assassinato de cientistas iranianos, orquestrado pelo governo israelense.
            A manipulação conceitual do senhor Blinder é tão insensata, que chega a ser um atentado à inteligência, mesmo a mais mediana. Parece um rábula de porta de cadeia, tentando convencer que o Estado de Israel mata cientistas iranianos de forma legítima, dado o “fato” de o Irã ser um país terrorista, tese aparentemente provada, pasmem, pela relutância do país dos aiatolás em obedecer resoluções da ONU. Uma coisa sem pé nem cabeça. Afinal, se desobedecer à ONU é o critério para ser considerado terrorista, o maior de todos é o próprio Estado judeu. E, aliás, os EUA também. Para esses dois países é como se o órgão internacional fosse simples fachada, um mero órgão simbólico.
            E notem que a apologia a Israel é tão grande que Blinder chega a justificar as barbaridades cometidas por ele. Pra se defender, o Estado judeu pode tudo. Inclusive negar direito de defesa a seus vizinhos. Como eu já disse anteriormente, é uma desfaçatez sem tamanho, que contamina as mentes do Ocidente. Contamina inclusive o bem falar, pois o jornalista confunde desertar (abandonar) com deserdar (retirar o direito de herança). Pedantismo e ignorância juntos só podem dar esse resultado.
            Além do mais, o efeito, quando se age dessa forma, e também já deixei isso claro, não é o esperado. Até porque o Irã não tem medo de Israel. O ódio que sente, plenamente justificado por covardias desse tipo, o faz superar qualquer temor por um inimigo superior militarmente. O que tende a acontecer é a retaliação, perpetuando o sentimento de que só a violência resolve. E eu pergunto: quem está com a razão? Já deixei claro que não morro de amores pelo regime teocrático do Irã, mas o que ele faz é buscar instrumentos que melhorem sua defesa, visto o exemplo do Iraque ter mostrado que os EUA, seus adversários, invadem qualquer país a hora que querem, sem levar em consideração nem a ONU, e isso é o bastante para legitimá-lo. Até porque, americanos e israelenses também possuem suas bombas. Qualquer pessoa preocupada com o perigo nuclear deveria levar isso em consideração. Do contrário, será mais um hipócrita a bater palmas às mentiras de determinados jornalistas. 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O "CIRCO DE DÉBEIS" DO BBB


Reproduzo a seguir texto de André Cintra, colhido no blog DoLaDoDeLá: http://maureliomello.blogspot.com/2012/01/que-pais-e-esse.html


Que pais é esse?



Aos 31 anos, o modelo Daniel Echaniz alcançou a fama. Para chegar lá, não precisou de 15 minutos. Bastaram-lhe sete. Poderia ter brilhado em tradicionais passarelas da moda ou em milionários anúncios publicitários. Foi virar celebridade num dos programas televisivos de maior audiência no Brasil – o “Big Brother Brasil 12”.
O porém é que, para Daniel, a fama veio pelo avesso. Pesa contra o modelo a acusação de ter estuprado a estudante Monique Amin, de 23 anos, em meio a uma madrugada de bebedeiras, de sábado para domingo passado, num dos ambientes do reality-show da TV Globo. Daniel teria molestado uma desacordada Monique por 25 minutos, dos quais apenas sete foram transmitidos ao vivo para assinantes do pay-per-view do “BBB”. Uma gravação em vídeo já está em poder da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
A cena do suposto estupro foi vista por centenas de milhares de pessoas em sites de compartilhamento de vídeos e repercutiu até na imprensa internacional. Alvo de crescente execração pública nas redes sociais, Daniel foi eliminado do reality- show nesta segunda-feira (17), “devido a um grave comportamento inadequado”, conforme a nota oficial da Globo.

A situação de Daniel Echaniz é complicada, para dizer o mínimo. Seu destino está nas mãos de Monique — que, ao sair do “BBB”, poderá se submeter a exame de corpo de delito e formalizar uma denúncia contra o modelo. Aberto o inquérito, Daniel correrá o risco de ser preso, com reclusão de oito a 15 anos. É uma reviravolta impensável para um sujeito que, duas semanas atrás, mal desconfiava que seria um dos escolhidos para disputar o prêmio de R$ 1,5 milhão do programa.
Recorrentes baixarias
Difícil é prever se a Globo sairá incólume do caso. Não que, nos quase 47 anos de história da emissora carioca, esse novo episódio pareça raio em céu azul. Criada à margem da lei em 1965 — e consolidada à base de inúmeros escândalos, alguns conhecidos, outros acobertados —, a Globo nunca considerou a ética uma moeda de livre circulação em seu território. Muito pelo contrário.
Historicamente, o dia a dia na emissora sempre foi povoado, como diria o filósofo, por artimanhas tais quais “o engano, o lisonjear, mentir e ludibriar, o falar-por-trás-das-costas, o representar, o viver em glória do empréstimo, o mascarar-se, a convenção dissimulante, o jogo teatral diante de outros e diante de si mesmo”. Com o “BBB”, ano após ano, “essa arte do disfarce chega a seu ápice”.
Que o diga a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal. Uma única edição do Big Brother — a décima, exibida de agosto de 2009 a abril de 2010 — fez chegar à comissão nada menos que 227 denúncias de “desrespeito à dignidade humana, apelo sexual, exposição de pessoas ao ridículo e nudez”. Na visão da Globo, a perda de audiência e de credibilidade era compensada com faturamentos recordes.
A carta branca para a baixaria se incrementou na 11ª edição, no primeiro trimestre de 2011. Antes mesmo de o programa começar, o diretor-geral do reality show, J.B. Oliveira, o Boninho, já anunciava uma série de mudanças para “esquentar” a atração. “Nada é proibido no BBB, pode fazer o que quiser. Esse ano... liberado! vai valer tudo, até porrada”, escreveu ele no “Twitter”, prometendo ainda álcool à vontade: “Vai ser power... chega de bebida de criança. Acabou o ICE no BBB, esse ano TUDO vai ser diferente”.
“Circo de débeis mentais”
Não é nenhum exagero apontar que o episódio do estupro decorre dessa inacreditável escalada de permissividade. “Para ser bem franco, eu achava que iria haver um assassinato no ‘BBB’, antes de acontecer um estupro. Desde muito tempo que o critério de seleção para o programa tem sido a demência intelectual, o comportamento antissocial, o perfil violento e a falta de caráter, tudo isso potencializado em festas regadas a enormes quantidades de álcool”, sintetizou o jornalista-blogueiro Leandro Fortes.
“Que tenha aparecido um idiota para estuprar uma mulher quase em coma alcoólico não chega a ser exatamente uma surpresa, portanto”, emenda. Suas críticas se dirigem especialmente ao jornalista Pedro Bial, chamado por Leandro de “mestre-de-cerimônias desse circo de débeis mentais montado pela TV Globo”.
Qualquer mestre-de-cerimônias, como se sabe, tem limitada autonomia para fugir do script. Pode-se topar o (digamos assim) “desafio profissional” por inúmeras razões — mas não consta que Pedro Bial demonstre algum tipo de repúdio às aberrações do “BBB”. No caso do suposto “estupro”, o comportamento de Bial seguiu à risca a máxima da americana Janet Malcolm: “Qualquer jornalista que não seja demasiado obtuso ou cheio de si para perceber o que está acontecendo sabe que o que ele faz é moralmente indefensável”.
Na noite de domingo, em sua primeira aparição depois da polêmica — e da repercussão do caso nas redes sociais —, o apresentador do BBB se limitou a reduzir tudo a um chavão: “O amor é lindo”. Horas antes, a pedido do departamento jurídico da Globo, o vídeo do suposto estupro foi apagado na página do “BBB” na internet e em sites como o “YouTube”. Boninho chegou a dizer que “não rolou” crime e que “eles (Daniel e Monique) supostamente transaram”. Artistas globais que criticaram Daniel ou o programa foram igualmente censurados.
Os "limites"
Já se sabe, a esta hora, que a “operação abafa” da Globo fracassou rotundamente. Graças ao corajoso delegado Antonio Ricardo, uma diligência policial foi ao estúdio do Projac, no Rio, para ouvir Daniel e Monique, por “suspeita de abuso sexual”. A Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República, pediu que o Ministério Público do Rio de Janeiro tomasse “providências cabíveis” na apuração do caso, em consideração às “demandas encaminhadas por cidadãs de várias cidades brasileiras”.
O fato é que a expulsão de Daniel do “BBB” ocorreu apenas quando a Globo se viu prestes a ser indiciada por “crime de omissão” — o que poderia tirar o programa do ar. Depois de abrir as portas do Projac para a polícia e cortar até o áudio do reality-show, a emissora se deu conta de que uma crise de credibilidade também estava em curso.
Só então Bial esqueceu que “o amor é lindo” e falou em “violação do regulamento”, enquanto Boninho finalmente admitiu que Daniel “passou dos limites do relacionamento com as pessoas” e que “o comportamento dele foi excessivo”. Para todos os efeitos, o crime e a e Globo estão, mais uma vez, de mãos dadas.
Na zona das sombras, a emissora da família Marinho prometeu colaborar “ao máximo” com a investigação e arcar com os custos judiciais do agora ex-BBB Daniel. Falta combinar quem prestará assistência à suposta vítima, Monique Amin, a quem a Globo não teve nem sequer a dignidade de mostrar a íntegra das polêmicas imagens. E falta, sobretudo, reconhecer que violar regras, ultrapassar limites e cometer excessos são práticas consagradas, há pelo menos 47 anos, pela própria Globo.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

AUGUSTO NUNES, O HOMOFÓBICO ENRUSTIDO


            O sucesso rápido do livro de Amaury Ribeiro Júnior, A Privataria Tucana, contando os podres do esquema das privatizações no governo FHC, está deixando os tucanos e seus sequazes do jornalismo de cabelo em pé. Tanto, que quando reagem à obra, eles não se atêm ao conteúdo, provando qualquer suposta inverdade nos documentos e acusações apresentadas. A reação vem nas formas mais inusitadas, desde não mencionar o nome do livro ou de seu autor, até invalidar este último, buscando mostrar seu passado supostamente pouco “honroso”. Escrevo “honroso” assim, entre aspas, pois em alguns casos essa palavra possui, pra essa gente, um significado enviesado, só deles.
            Exemplo disso são duas postagens de Augusto Nunes, (http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/o-pais-quer-saber/autor-do-livro-de-cabeceira-do-pt-tambem-escreveu-a-letra-de-marli-meu-travesti/ e http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/a-grande-descoberta-do-implicante-autor-do-livro-de-cabeceira-dos-milicianos-tambem-escreveu-a-letra-de-marli-meu-travesti/), em que ele pretende “desonrar” Amaury, por uma música gravada e composta por ele, chamada Marli Meu Travesti. Típico representante da nossa mídia neolacerdista, que bufa de raiva a qualquer coisa que represente a esquerda política (William Waack, Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Boris Casoy, Merval Pereira, Diogo Mainardi), Augusto, em sumo desespero, parte para um discurso anacrônico, de cunho moralizante e temperado com o mais deslavado preconceito. É o tipo de texto que não busca defender uma tese. É um discurso que apela para o achincalhe. Como tal, diz mais sobre o caráter de quem escreve do que ao alheio. Escancara o que há de mais escabroso em sua mentalidade, assim como na de seus fãs-comentaristas. Tá tudo lá! Preconceito, grosserias, baixezas!
            Fingindo defender a boa arte, o articulista esconde suas verdadeiras intenções. Quando é indagado de suas motivações, se esquiva, chama os mais pertinazes de milicianos (mesma linguagem de perseguido usada por seus colegas), e diz que só está homenageando o homem que abriu a “caixa preta” dos tucanos. Na verdade, quer apresentá-lo como alguém sem moral. E por que? Por que faz músicas ruins? Nada mais nonsense. Ou será por ele ser homossexual? Ao ler a fundo o texto e as respostas aos comentários, a conclusão só pode ser essa. Amaury não possuiria credibilidade pelo fato de manter relações com um travesti em um banheiro público, de viver junto com ele, e de ainda fazer uma música em sua homenagem. Tem que se voltar ao século XIX para se considerar sério um homem como o senhor Nunes. Incapaz de aceitar os fatos do livro, ou de usar argumentos sólidos para rebatê-lo, a homofobia é seu único instrumento discursivo. É outro exemplo da direita sem perspectiva. Ou pode ser somente puro exibicionismo. Quer platéia para afagar o ego e ganhar respaldo perante aqueles que lhe pagam o salário. Só falta o trechinho de Dylan Thomas no frontispício do blog.
            O problema de homens como Augusto Nunes é porque possui muitos leitores, o que o deixa com a ilusão de que tem respaldo pra dizer o que quer. É a lógica do mercado aplicada ao jornalismo: se tenho consumidores é porque tenho qualidade. Não questiono aqui sua liberdade enquanto jornalista. No entanto, há regras de ética e respeito superiores ao direito de falar o que se pensa dos outros e de tratá-los preconceituosamente. É lamentável que um órgão de imprensa, e um de seus mais importantes articulistas, possam descer tão baixo para atacar seus adversários. 

domingo, 15 de janeiro de 2012

REAGIR AO INDESCULPÁVEL


          

  Desde que o mundo é mundo, impérios exercem poder sobre povos mais fracos através do medo, da intimidação e da humilhação. Foram assim os romanos, assírios, mongóis, ou qualquer outro império do passado. Assim são também os impérios atuais. O que se vê é indesculpável. Se o assim chamado Ocidente tiver um pingo de decência e de fidelidade a valores como direitos humanos, liberdade, legalidade e soberania dos povos, não irá mais aceitar que cenas como essa se repitam. Se nós não reagirmos, teremos um dia soldados estrangeiros urinando em nossas carcaças no quintal de nossas casas, na frente dos nossos filhos. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O DIREITO DE BLASFEMAR


            Há coisas que precisam ser entendidas com bastante paciência e lucidez para que não se fique por aí falando besteiras, como aquelas exemplificadas na minha última postagem (A FALTA DE PERSPECTIVA DA DIREITA). Uma delas é o termo liberdade de expressão. Todos devem saber, mas não custa lembrar, que entender qualquer referência ao termo “liberdade” como sinônimo de “vale-tudo”, é uma cretinice e uma desonestidade intelectual. O que estou dizendo é que, mesmo sendo a liberdade um valor extremamente caro, sabe disso principalmente quem a perde, o seu exercício responsável depende da aceitação de certas regras. Exemplos: posso fazer o que quiser na minha casa, mas não posso escancarar as portas e janelas e ficar pelado dentro dela; posso me locomover com meu carro por toda a cidade, mas não posso fazer isso embriagado; posso escrever o que quiser no meu blog, contanto que não possua conteúdo racista, ofensivo ou difamatório. Enfim, minha liberdade é limitada pelo respeito aos outros.
            Mas quem poderia ser contra isso?, perguntarão alguns. Bem, acontece que muitos defensores do estado de direito, até mesmo colegas meus da esquerda, acham que no caso da religião, isso não se aplica. É o que se convencionou chamar de “direito de blasfemar”.
            Antes, quero deixar bem claro algumas coisas. Sou católico, como consta no meu perfil, e isso significa que acredito em uma gama de coisas que muitos podem considerar absurdas. No entanto, não tenho a intenção neste momento (nem foi pra isso que criei o blog) de fazer proselitismo dessa crença. Minha intenção é chamar a atenção para uma coisa bem mundana: respeito aos valores e às opiniões dos outros. Também não quero vitimizar demasiadamente os religiosos, pois sei que muitos são agredidos porque agridem primeiro. Afinal, cretinice não escolhe crença ou a falta dela. Dito isso, vamos ao que interessa.
            Preconceito é crime, não importa qual seja seu matiz, se é pela cor da pele, pelo gênero, pelo país de origem ou pela religião, qualquer que seja. Se eu fizesse afirmações ofensivas contra espíritas ou contra ateus, seria considerado um fundamentalista e chamado de todos os palavrões possíveis, com toda a razão. E isso, diga-se de passagem, ninguém jamais me verá fazer. Até porque é crime, pois de acordo com o Código Penal: “Art. 208: Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso: Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa.”
            O problema que vejo é que quando um ateu, ou um “laicista”, atacam a religião (repito, qualquer uma delas) isso é considerado como um ato de resistência, moderno, revolucionário. É como dizer que piada de negro não vale, mas de português, vale. E quando digo atacar a religião, não estou falando de denunciar casos de pedofilia na Igreja ou de repudiar a violência ou as guerras santas. O que eu digo é que, para os religiosos, determinados símbolos (crucifixos, imagens, adornos) e personalidades (Jesus, Maria, Maomé, Buda) são valores que precisam ser respeitados. Se os católicos crêem que Maria é sua mãe, fazer piadas grosseiras com ela equivale a um insulto irreparável. Ou alguém gosta quando se insulta a própria mãe. Um ateu inteligente, ou um teísta inteligente, deve ter formas menos estúpidas de defender seu ponto de vista. É isso o que tento fazer aqui.
            Pra terminar, quero dizer que a questão religiosa é algo muito íntimo de cada um. E que qualquer pessoa, crente ou atéia, tem o direito de expressar seus pensamentos. Quero dizer também que tenho amigos ateus, protestantes, espíritas, e que convivo muito bem com eles em regime de respeito mútuo. Respeito, por sinal, é um valor de absoluta superioridade, inclusive perante a liberdade. Liberdade para o insulto e para o desrespeito não vale nada! O convívio harmônico entre as diferenças é o primeiro passo para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Portanto, mais feliz.  

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A FALTA DE PERSPECTIVA DA DIREITA


            A direita brasileira está em polvorosa. Mesmo tendo, durante todo o século passado, dado golpes militares, enfraquecido líderes populares tradicionais e manipulado a opinião pública contra candidatos seua adversários, não imaginavam que, ao fim de tudo, uma candidatura de esquerda venceria uma eleição, ou melhor, três seguidas. Não imaginavam que a mídia perderia o poder quase absoluto que possuía de manipular a consciência dos eleitores. Estão desesperados por perderem a perspectiva de mudar essa situação. Partem pro embate como quem dá socos a esmo.
            Típico desse embate é a rotulagem. Palavras como democracia, ditadura, fascismo, entre outras, são usadas demagogicamente, sem base conceitual aceitável, no intuito de conquistar o senso comum. É um vale tudo conceitual. E nessa guerra suja entram políticos, jornalistas e até, pasmem, acadêmicos. O mais recente caso é o do historiador Marco Antônio Villa, em artigo publicado na Folha, sob o título Ministério da Verdade: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/ministerio-da-verdade/. O texto surpreende, mas não devia. Surpreende ver um historiador renomado produzir um texto tão panfletário e de uma verborragia tão rancorosa. Não devia surpreender porque o professor Villa já é acostumado a esse tipo de atitude, como nesse texto http://paginadoenock.com.br/home/printpost/10539, em que é brilhantemente rebatido por Altamiro Borges, ou quando defende a ditadura militar, sendo também rebatido, dessa vez por outro jornalista, Luís Nassif: http://blogln.ning.com/forum/topics/marco-antonio-villa-e-a.
            Ao ver isso, vem-me à mente uma entrevista na revista Caros Amigos em que Leonardo Boff diz que FHC não devia mais ser chamado de intelectual, pois julga a sociedade a partir de um jogo de interesses. Não parte mais da ciência. É um político. O mesmo acontece com Villa. Alguns podem perguntar, mas o que há de mal nisso? À primeira vista, nada. O problema existe quando um acadêmico traz uma análise política (pessimamente feita, por sinal), distorcendo horrivelmente conceitos utilizados em sua ciência. Não esclarece, confunde. Por isso, não pode se intitular professor.
            Villa, assim como seus colegas jornalistas da direita, faz um texto escatológico. Ao lê-lo, tem-se a impressão de que vivemos numa ditadura, de que a esquerda odeia a democracia e as liberdades e de que a imprensa de direita é a guardiã legítima da moral e dos bons costumes contra o “perigo vermelho”. A questão é que ele não se conforma com o fato de se ter um governo de esquerda e de que esse seja formado por uma coalizão de partidos dos mais variados matizes programáticos (coisa inimaginável, pois todo esquerdista seria um radical) que deteria mais de 80% das cadeiras do Congresso. A saída então, é chamar de ditadura. Como disse Millôr: “democracia é quando eu mando, ditadura é quando você manda”. O professor cria inclusive um falso ar de temeridade, digna de um prisioneiro num Gulag, falando em “rolo compressor do poder” e dizendo que o governo age de forma policialesca.
            Para dar mais ênfase a esse tipo de discurso, Marco Antônio cita, como já é corrente nessas abordagens, países da América do Sul governados pela esquerda, como a Venezuela, o Equador e a Argentina, exemplos para a direita de governos autoritários, apesar de possuírem Constituição, três poderes, e de terem sido eleitos pelo voto popular. Millôr de novo!
            O grande herói pra ele é, claro, a imprensa, entendida aqui com a grande mídia. Isso mesmo! Aquela que esconde as falcatruas dos tucanos. Aquela que chama movimentos sociais de terroristas. Aquela que inventou a bolinha de papel. Aquela que destrói reputações, que julga e condena sem provas seus adversários. Aquela que se cala, ou mesmo censura, quando algo a atinge ou a seus comparsas, para usar uma palavra que nosso ilustre historiador gosta de escrever em seus textos contra o PT. Essa mídia, que apesar de vivermos num regime em que “o rolo compressor do poder” age sobejamente, tratou o presidente da república durante oito anos por anta, apedeuta, babalorixá de Banânia, mula, entre outras alcunhas, e que nunca sofreu sequer um processo judicial. Só ela é capaz de acabar com esse estado de coisas, já que “nossa sociedade civil é extremamente frágil”, palavras de Villa.
            Fico pensando como seria uma aula do professor Villa. Afinal, escrever num jornal, de frente pro nada, como até eu estou fazendo agora é fácil. Difícil é estar diante de homens e mulheres que lêem textos acadêmicos e querer convencê-los de toda essa pantomima. Tive colegas na faculdade que desbancariam o professor em dois tempos. Parece que tanto estudo não valeu de nada.
            E é nessa sua própria postura que Marco Antônio Villa deveria encontrar o porquê do fracasso da direita no Brasil, de 2002 pra cá. Ela ficou sem perspectiva, perdeu o apoio popular e seus projetos estão sem fundamento. Além disso, sua saída tradicional, como dar golpes e assassinar reputações através da imprensa, estão, no primeiro caso, fora de cogitação, por falta do apoio de setores estratégicos (Igreja, empresários, militares, congressistas) como antes ou, como no segundo caso, não surtindo o efeito desejado. Falta aos conservadores um projeto de nação, adaptado aos novos tempos de democracia. Só assim poderão ser levados a sério pelos eleitores novamente. Senão, vão continuar estrebuchando pateticamente, utilizando dessa politicagem verbal pra sobreviver.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

ZEZÉ DI CAMARGO E A ARTE COMO MERCADORIA


            Quando eu estava fazendo uma pesquisa na rede para escrever a postagem sobre o sertanejo universitário (SERTANEJO NOVO. BESTEIRA ANTIGA, publicada em 26 de dezembro), uma coisa me deixou bastante curioso. Tanto que resolvi postar à parte. Trata-se das declarações do cantor Zezé di Camargo, colhidas por mim em duas entrevistas dadas por ele, uma para a revista IstoÉ, e outra para o portal G1, em que além de meter o sarrafo no “novo” estilo ele deixa transparecer aspectos do seu modo de pensar a carreira e a arte que são bastante interessantes.
            Zezé é daqueles tipos de artista que acha que sucesso é tudo. Se você tem público você tem qualidade. Ele é um dos principais defensores da arte como mercadoria. O filme que conta sua história traz bem isso. O artista é entendido como tal pelo que vende, e não pelo que faz. Ele esquece que arte é, acima de tudo, visão de mundo, algo intrínseco, interior, do artista. A arte-mercadoria, preocupada com o sucesso financeiro e com criar uma imagem pública, é artificial, uma anti-arte. Ao criticar o sertanejo universitário, os argumentos do cantor são condicionados a essas posturas. Sua preocupação com essa imagem pop é tão grande que quando perguntado sobre o fato de sua filha Wanessa retirar o Camargo do nome artístico, ele respondeu que a idéia foi sua, por causa de a filha trabalhar com um estilo musical diferente. Não se pode confundir o consumidor!
Perguntado se achava que o novo sertanejo era de pior qualidade ele responde: “Vai chegar um momento em que vai haver uma peneira e vão ficar os melhores. O próprio público se encarrega disso.” Acho que já ficou claro que o gosto do público é condicionado pela propaganda, não pela qualidade. Além disso, percebe-se em toda essa crítica uma pitadinha de despeito. Afinal, é uma concorrência comercial. É a mesma tacanhice de quando ele fala na pirataria. Ele não quer ouvintes, ou admiradores, ou apreciadores. Ele quer, pura e simplesmente, dinheiro.
Quem quiser conferir as entrevistas, e tiver saco para ver mais besteiras do cantor, do tipo “você pode ter um relacionamento sem amor, mas não sem sexo”, os links são http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/136926_HOMEM+NAO+E+FIEL+A+VIDA+TODA+  e http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL847946-7085,00-O+SERTANEJO+UNIVERSITARIO+REPETIU+DE+ANO+DIZEM+ZEZE+DI+CAMARGO+E+LUCIANO.html

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

MARCOS, O GRANDE, DÁ ADEUS AOS GRAMADOS


    

        O palmeirense está de luto. Um luto esportivo, como disse um comentarista. O futebol brasileiro como um todo também deve estar. Afinal, sai de cena um dos esportistas mais competentes, corretos, leais e carismáticos deste país: Marcos Roberto Silveira Reis, o Marcão, São Marcos, Marcos do Palmeiras, Marcos do Penta. O anúncio foi feito na quarta, 4 de janeiro.
            Com 38 anos de idade, quase 20 de carreira e 22 títulos, três deles com a Seleção Brasileira, incluindo o pentacampeonato mundial de 2002, em que foi decisivo, Marcos representa um tipo raro de profissional. Primeiro, por ser praticamente uma unanimidade. Idolatrado pelos palmeirenses, o goleiro é respeitado por torcedores de todos os clubes do Brasil. Ninguém duvida da sua extrema competência debaixo das traves. Segundo, pela sua postura e comportamento, sem apelar para marketings baratos ou visuais espalhafatosos, ou mesmo para o tipo capa de revista de moda. Não era bonitinho ou garoto propaganda. Nem era uma caricatura. Era goleiro e pronto. Terceiro, por ser leal ao seu clube e à sua torcida, por defender a camisa, por ser ele mesmo um torcedor. Como poucos da atualidade (Casillas, Puyol, Totti, Xavi Hernández, Shovkovskyi, Rogério Ceni) Marcos só atuou profissionalmente pelo Palmeiras. Prova maior do seu compromisso com o clube, foi quando no início de 2003, após o rebaixamento da sua equipe para a Série B do Brasileirão, recusou uma proposta de 45 milhões do Arsenal, para colocar o time de volta no escalão de elite do futebol brasileiro. Finalmente, por ser uma pessoa extremamente carismática. Um carisma que impõe respeito. Tanto é que quando critica o time, nem o presidente o replica.
            Mas nem todos são tão justos com São Marcos. Para quem foi um dos grandes responsáveis pelo penta do Brasil em 2002 (cf. vídeos no final), junto com Ronaldo, Rivaldo, Scolari e Oliver Kahn, o goleiro não possui seu nome no Hall da Fama da Seleção Brasileira. Estão lá os nomes de Julinho Botelho, cujo único título com a Seleção foi a Copa Rocca de 1960, e de Sócrates e Falcão, jogadores de renome, mas que nunca ganharam sequer uma Copa América. Os dois únicos goleiros da lista são o campeão de 58 e 62 Gylmar, e o de 94, Taffarel. E o palmeirense não deixa a desejar a nenhum deles.
            Para mim pessoalmente, torcedor alviverde desde os oito anos, antes mesmo do bicampeonato 93/94, e que gosto de brincar de goleiro (muito ruim, por sinal), Marcão foi mais que um ídolo, foi uma referência. Não dá pra separar o atleta do homem. Sua vida é um exemplo pra quem quer ser as duas coisas em plenitude, pois foi assim que ele viveu. Exemplo maior foi a atitude que tomou de não cobrar pênalti quando o Palmeiras vencia o Avaí por 4x0, dia 09 de julho do ano passado, em jogo válido pela 5ª rodada do Campeonato Brasileiro. Ele alegou que não seria justo com o jovem goleiro do Avaí, que já tinha levado quatro, e que ele não era o batedor do time, sendo covardia aproveitar a goleada para fazer a cobrança. Qualquer um teria batido e seria uma coisa normal. Mas os grandes definitivamente não são normais.
            Que Deus continue abençoando esse grande homem e excepcional atleta. Que ele continue, como sempre fez, sendo um exemplo para todos. E que continue engajado no futebol, dando sua força para os novos talentos que vão aparecendo e que sempre precisam de boas referências. Valeu Marcão!!!

OBS.: Como prometido, aí vão os dois vídeos, que mostram os milagres de São Marcos na final da Copa de 2002. Duas defesas, sem dúvida nenhuma, para pouquíssimos goleiros. Lembrando que a partida terminou Brasil 2x0 Alemanha, evitaram o empate no tempo regulamentar, resultado que poderia ter alterado, mais tarde, o destino da taça. Sei que muitos lembram desses lances. Mas sempre é bom refrescar a memória.



quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O IRÃ, A BOMBA E O DIREITO DE SE DEFENDER


            Não sou um belicista. Nunca fui. Acredito na política e na força do diálogo para resolver conflitos e diferenças. No entanto, já deixei claro no meu primeiro post (GUERRILHA: A VIOLÊNCIA COMO UM MAL NECESSÁRIO), que o uso da força é legítimo quando se enfrenta um inimigo tirânico. Deixei claro também que se a violência é abominável, o é sempre, seja feita pelo BOPE ou pelas Farc. Mas todos sabem que não é assim. O Estado, por exemplo, deve poder exercer a violência, como último recurso para coibir abusos e crimes. Se o Estado não coíbe, ou pior, pratica ele próprio os abusos, o cidadão é que detém o direito de lutar, até mesmo violentamente, contra o opressor. E quem diz isso não sou eu. Basta ler a os escritos de Thomas Jefferson ou de John Locke.
            Digo isso por causa da novela midiática atual, envolvendo a questão do direito de o Irã possuir a tão temida bomba atômica. Vamos deixar bem claro. Não defendo o uso da bomba. Também não morro de amores pelo Irã, país governado por um regime teocrático islâmico, que obriga os homens a usarem barbas, utiliza a pena de morte e possui uma visão do papel da mulher na sociedade totalmente diversa da minha. No entanto, tudo isso envolve uma questão mais ampla.
            A ponta de lança da campanha contra o programa nuclear iraniano é nada menos que os EUA, o que torna a questão bem emblemática. Afinal, os americanos possuem o maior arsenal atômico e protagonizaram o único atentado desse tipo na história da humanidade. Mas a desfaçatez desse país é enorme. E de seus principais apoiantes: Israel, como é de praxe, e a mídia ocidental. O fato é que nenhum deles tem moral para isso. Mesmo assim, continuam a usar argumentos moralistas para convencer os mais incautos do mérito das suas concepções, como na época da Guerra Fria. A verdade é que americanos e israelenses têm é medo da bomba dos aiatolás. E estes, por sua vez, também se armam por medo. Afinal, Israel quer o mundo islâmico de joelhos e há sempre o risco de os EUA invadirem qualquer país impunemente, vide o exemplo do Iraque. Aqui se trata do direito fundamental de qualquer nação que se considere soberana: o direito à própria defesa.
            Nós, brasileiros, não temos nada a ver com isso. Não vale a pena tomarmos partido por ninguém. Mas sendo uma questão de direito internacional, o princípio da soberania nacional vale mais que qualquer outra coisa. E ninguém delegou aos EUA ou a Israel a função de polícia do mundo. Se eles são tão contrários ao uso da tecnologia atômica, desfaçam-se eles mesmos de suas potentes armas. Senão, que larguem de hipocrisia e resolvam seus problemas de forma mais diplomática, deixando de tratar os outros como se fossem seus vassalos. A reação ao desrespeito vem sempre na mesma moeda.  

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O POLITICAMENTE INCORRETO E OS LIMITES DO HUMOR


            Hoje em dia, a moda é ser politicamente incorreto. Entre alguns jornalistas e, principalmente, humoristas, a ordem do dia é se libertar dos “grilhões” do que é chamado de politicamente correto, tido como uma invenção das esquerdas para patrulharem e, consequentemente, exercerem censura, sobre as manisfestações artísticas e jornalísticas. Ser politicamente incorreto tornou-se sinônimo de ser livre.
            Vamos entender. Num mundo em que o racismo é extremamente combatido, em que cada vez mais os direitos das minorias são reconhecidos e em que o bullying na escola e no trabalho é finalmente discutido, a preocupação desses caras é pura simplesmente com a liberdade de destratar os outros, de fazerem piadas racistas e de ofenderem. Se o cara fala que todas as pessoas do meu estado são feias ou que minha cidade é o cu do mundo, e eu me ofendo, o errado sou eu. Vão dizer que o humor é assim mesmo, como se todo humor fosse cretino e grosseiro.
            O cúmulo de tudo isso foi a declaração de Marcelo Tas, depois da repercussão da piada dita no ar por seu companheiro de bancada, Rafinha Bastos, já sobejamente conhecida, em relação à cantora Wanessa Camargo e seu filho nascituro. Diz Tas: “O limite do humor é a graça, é ser engraçado. Se você faz uma coisa que agride alguém e não é engraçado, aí para mim você chegou no limite.” O engraçado (?) é Rafinha. A errada é Wanessa. Antes ele já havia dito: “O politicamente correto é uma peste que veio para infernizar a vida dos seres humanos, sou totalmente contra.” Ou seja, assim como aqueles jornalistas que usam seu poder de informar para assassinar reputações, Tas acha que o humorista deve ser um intocável, alguém que deve ser engraçado (?) e falar o que quiser. O resto que se dane!
            Dentro dessa linha de pensamento, muito atual, infelizmente, não existe espaço para a dimensão ética das coisas. O que vale é o mercado: se as pessoas gostam, vai continuar a ser feito. Repare também que o apresentador do CQC reduz tudo à uma dimensão relativa, ao falar de engraçado. Mas o que é engraçado? Alguns acham Charles Chaplin. Ou Roberto Bolaños. Outros acham Rafinha Bastos. Eu não acho. Nem a Wanessa Camargo. Nem tampouco o Ronaldo Fenômeno. Ou qualquer pessoa que tenha um pouquinho de ética. Tenha certeza que nem mesmo os juízes que irão julgar o caso, já que a cantora entrou com processo na justiça por injúria. Mas que importa isso, ética e o escambau. Rafinha só quer dar orgulho aos pais como deixou claro neste vídeo.



            Não morro de amores pela Wanessa Camargo. Talvez a piada nem justifique tudo isso. Mas só sabe o tamanho da dor quem apanha. O caso deveria servir ao menos para que esse tipo de humorista realizasse uma avaliação sincera de si mesmo e do seu modo de trabalhar. Mas a certeza da própria intocabilidade, do próprio direito de dizer o que quer, subiu à cabeça. Para quem não aprende conversando, só resta o rigor da lei. 

domingo, 1 de janeiro de 2012

MEUS DESEJOS PARA 2012


2012 chegou! E como todo ano novo, ele vem carregado de esperanças. Resolvi eu, também, expor as minhas aspirações e desejos:
Que em 2012 a paz, a justiça social, o respeito e a tolerância com o diferente imperem em todo o mundo.
Que em 2012 as pessoas tenham ouvidos mais atentos para saberem ouvir sempre os dois lados da história, não sendo manipulados pelo discurso único da mídia.
Que em 2012 inocentes não sejam acusados e achincalhados publicamente sem provas, e culpados não possam aproveitar nossa legislação tacanha para ficarem impunes.
Que em 2012 países não sejam invadidos e golpes de Estado não sejam perpetrados, nem mesmo em nome da democracia. Que essa palavra não seja usada como sinônimo de economia de mercado ou de meras eleições.
Que em 2012 povos apátridas encontrem um chão seguro para por os pés e chamar de seu.
Que em 2012 todos os torneios esportivos sejam decididos de forma justa, sem interferência da arbitragem ou de qualquer tipo de corrupção.
Que em 2012 o neoliberalismo não faça tantas vítimas quanto em 2011.
Que em 2012 a América Latina fortaleça sua independência em relação aos Estados Unidos, e que continue com governos populares e participativos.
Que em 2012 a indústria cultural não empurre goela abaixo das pessoas (santa esperança!) músicas com conteúdo do mais puro esgoto artístico.
Que em 2012 os comediantes não alimentem suas gracinhas com desrespeito e ofensas com os outros.
Que em 2012, ano de eleições municipais, os eleitores elejam aqueles que são mais comprometidos com a justiça social, a ética, os valores democráticos e o uso devido do dinheiro público.
Enfim, que 2012 seja um ano de alegrias para todos os homens honestos, conscientes e solidários. Que se puna o crime e se recompense o bom trabalho.
Feliz 2012!