Hoje
é o dia em que se recorda os que morreram. A Igreja Católica chama de Dia de
Finados (ou dos Fiéis Defuntos). Mas não precisa ser religioso para vivenciar a
data. Alguns não precisam nem de data, não é verdade? A questão é que hoje é o
dia para, deliberadamente, parar e pensar nos que morreram, nossos parentes,
amigos, ou qualquer outra pessoa importante. Deveria ser um dia, também, para
se refletir sobre o significado da própria morte em si. A morte... companheira
constante, e um tanto incompreendida, da raça humana.
Pensar
a morte pode parecer para alguns algo mórbido, de mau gosto. À primeira vista, até
que sim, mas explorado em seus múltiplos vieses, o assunto pode ser
extremamente instigante. Que o digam os artistas. No cinema, a morte pode ser
tema, desde filmes de terror, aos dramas, filmes históricos, comédias (quem
diria?), e até desenhos animados. Na música, vários de seus aspectos ressaltam,
ajudando a compreendê-la melhor. Quem conhece boa música, sabe do que falo.
Pode-se ironizá-la, temê-la, amá-la, mas não se pode escapar da sua
inevitabilidade. Compreender isso é, sem dúvida, o ponto principal para
inseri-la no cotidiano, destemê-la, e assim, torná-la palatável, transformá-la
em nossa amiga.
Amigo
da morte? Sim, amigo da morte. E esse dia, mais do que nunca, pelo fato de ela
quase materializar-se diante de nós, é o momento propício. E por que? Para
criarmos uma ideia fixa doentia pela morte? Não. A questão vai mais além. No
meu entender, só fazendo essa aproximação, banalizando-a (no bom sentido), é
que podemos vê-la como ela é: algo que não é menos do que já tenhamos visto,
que não é pior do que tudo que já passamos, e passaremos. Algo secreto,
misterioso, insondável. A morte é o fim? O que há depois dela? Que mal, pior
que os que a vida proporciona, ela pode nos fazer? Dependendo da crença
religiosa, da situação que se vive, ou de qualquer outro ponto de vista, a
morte pode significar passagem, pode significar descanso, pode significar
liberdade. Alguns dizem que ela dá graça à vida, sustentando à ideia de que
seria uma droga se nunca morrêssemos. Discordâncias à parte, isso só mostra que
nem tudo é horrível assim na morte. Tanto que no inferno, não se morre.
Portanto,
aproveitemos o ensejo para, mesmo querendo viver a vida em todas as suas
possibilidades, melhorarmos nossa relação com a morte. Aceitá-la, como diz
Gabriel O Pensador, pois ela “faz parte da vida”. Ela que está além da nossa
vontade. Ela que nos iguala, como bem diz Ariano Suassuna. Ela que nos faz mais
humanos, diferentes dos deuses, imortais, e dos animais, ignorantes de sua
existência. E aproveitemos também para lembrarmos com carinho dos que já foram,
seja chorando a eterna saudade, seja esperando o sublime reencontro.
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