Por Paulo Moreira Leite:
Confesso que nada era tão previsível quanto o destino de Demóstenes
Torres. Como até os petistas aprenderam com a própria pele, nada é tão
enganoso nem tão pode ser tão autodestrutivo como o discurso moralista.
A experiência ensina que o moralismo é um texto
falso, porque tem como base uma visão fantasiosa das sociedades humanas.
Considera que há pessoas de carater límpido e sem
manchas de nenhuma espécie, incapazes de mentir, de fazer mal ao próximo, de
ter segredos inconfessáveis e ambições que condenam em público mas cultivam na
vida privada.
Como a vida real não é assim, cedo ou tarde os
moralistas são desmentidos pelos fatos e desmascarados pelas próprias atitudes.
Claro que nem sempre é necessário um grampo da
Polícia Federal para apanhar um falso moralista mas vamos combinar que, neste
caso, estávamos diante de um profissional da categoria.
O que sobra?
Depende. Apesar do mensalão, o PT e
Lula tinham onde pisar, como um movimento contra desigualdade, a
favor dos direitos dos trabalhadores e dos mais humildes, pelo fortalecimento
da ação social do Estado, pelo crescimento e pelo emprego.
O problema de seus adversários é mais profundo. Quando perdem a superfície
moralista, não resta muita coisa. Por que?
Porque o conservadorismo, particularmente nos países menos desenvolvidos — ou
emergentes, ou Brics, ou dependentes, ou semi-atrasados – não tem uma
perspectiva de melhoria de vida dos mais pobres e menos protegidos.
Lembra de 1989, quando os conservadores quiseram
colocar uma fantasia moderna no senador Mário Covas? Deu o “choque de
capitalismo” que acabou com sua projeção nacional.
O silêncio tucano sobre a sorte dos mais humildes é
absoluto depois que o Plano Real derrubou a inflação.
Já o DEM de Demóstenes sequer foi capaz de abrir a boca nessas questões. Até
porque, às vezes, um movimento mais brusco pode exibir um laço com o passado do
regime militar que é preferível manter esquecido.
A perspectiva história do conservadorismo é diminuir o Estado. Quer tirá-lo da
economia, se possível da educação e também da saúde. Concorda em privatizar até
mesmo uma parte da segurança pública e é claro que sonha em transformar nossa
sociedade de cabelos brancos num mercado cativo para a previdência privada.
Se isso é difícil mesmo nos países avançados, que assiste hoje ao doloross
ajuste de contas da desregulamentação e do fim dos empregos produtivos, imagine
no Brasil, este país onde o salário médio gira em trono de R$ 1500 mensais.
Saúde privada? Escola particular? Segurança privada?
Não tem como. Não tem renda suficiente e aquela que está aí continua difícil de
distribuir na base da caridade.
Este é o problema. Após três derrotas nas eleições presidenciais, o
conservadorismo brasileiro segue sem um programa para melhorar as condições de
vida da maioria população.
Só lhe resta torcer contra. O discurso do moralista
é um pega-ladrão permanente.
Imagine como seria difícil o mundo do moralista se não tivesse pecados alheios
para denunciar.
Iria oferecer o quê a quem tem frio, fome e
sede?
Por essa razão o moralismo evita discutir, concretamente, medidas que possam
contribuir para diminuir os abusos, desvios e irregularidades que marcam o
cotidiano do Estado brasileiro.
Seu segredo é despolitizar a política, esconder o debate por trás de muita
histeria.
Finge que não há um problema com uma legislação que transformou a campanha
eleitoral numa corrida por verbas privadas — e o ato de governar numa prestação
de contas pelos favores recebidos.
Dá a impressão de que não há uma preferência política pela manutenção do
sistema que aí está, onde o poder econômico cria duas classes de eleitores, os
privilegiados que compram influência com seu dinheiro, e o homem comum,
indignado com a própria impotência.
Num sistema mais transparente, capaz de distribuir
recursos à vista de todos, o moralista não tem o que fazer — nem o que
dizer. Sequer poderia fingir que sente raiva para obter alguma
identificação com os eleitores.
Este é o ponto. Condenados a pregar a moralidade, cedo ou tarde os moralistas
acabam destruídos por ela. E não sobra nada. Nada. Nada mesmo.
Ola Jorje! Parabens pela excelente postagem!
ResponderExcluirDesculpa, mas como não tem outra maneira de me comunicar com você, venho atraves dessa mensagem saber, se possível, se você assumiu o concurso do estado do rn. Olha não me leve a mal, mas não tem como eu ficar sabendo se nao entrar em contato com os conidatos. Você sabe a importancia de se conseguir um emprego.
Meu e mail é marciamychelle_1@hotmail.com.
Desculpa mais uma vez. Obrigada
Mychelle
Assumi sim, obrigado!!
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