Reinaldo
Azevedo não cansa. Pois é, eu também não. Acho que algum dia escreverei um
livro sobre ele. Servirá ao menos para mostrar o quão baixo podem ir alguns
indivíduos na arte do achaque e do pseudo-jornalismo. Sei que não tenho nem uma
ínfima parcela do número de seus leitores, mas é melhor está só do que mal
acompanhado. E solidão não é desculpa para o silêncio. Então, mãos à obra!
Tio Rei,
como todos sabem, tem mestrado e doutorado no ramo de assassinar reputações. É
uma de suas facetas. Basta contrariar seus interesses, ou o daqueles que lhe
dão de comer, e se preparar para uma enxurrada de palavras venenosas. E sem
nenhum direito à réplica, pois ele odeia debates. Tanto que nunca se viu (quem
tiver visto me corrija) ele participando de uma discussão, de uma mesa redonda,
com algum adversário ideológico. No seu blog,
qualquer um destes é logo censurado. Ele só participa de eventos ou programas
em que todos concordem com ele, ou pelo menos, não discordem tão descaradamente
de seus argumentos rasos.
Dessa vez,
no entanto, a faceta mostrada pelo jornalista de Veja foi outra. Ele não foi o
Tio Rei assassino de reputações, pelo menos não totalmente, mas o Tio Rei
rábula. Rábula é aquele cara que advoga sem ter diploma de direito, que
“embaraça as questões com os artifícios que a lei lhe faculta” (Dicionário
Michaelis Online). Por ser um sujeito que se acha entendido de tudo, e que se
julga mais conhecedor do direito que um ministro do Supremo, o adjetivo lhe cai
perfeitamente. Seu cliente: Policarpo Júnior, chefe da sucursal da mesma
revista Veja em Brasília, um dos flagrados pela Operação Monte Carlo, aquela que
está deixando em polvorosa, pelo alto teor bombástico de suas denúncias, toda a
direita nacional, principalmente os fãs, e Reinaldo o é de carteirinha, do
quase ex-senador goiano Demóstenes Torres, aquele que até bem pouco tempo era
um arauto da moralidade e que hoje é mais um exemplo, dadas as fortes
evidências, de corrupção na política.
Como todo
rábula e, aliás, quase todos os advogados, Reinaldo não defende idéias nem
princípios. Ele defende quem lhe paga e o faz, vale dizer, de forma magistral.
Afinal, como um bom rábula, ele é também um bom sofista. A forma como as
palavras fluem de seus dedos é quase que capaz de convencer de qualquer
aberração, até o mais inteligente e bem informado leitor. Quase, pois todo
sofista é traído por sua própria verborragia empolada, assim como por seu
tratamento diferenciado para com inimigos e aliados. Por isso é importante
conhecê-los a fundo, facilitando a quebra dos pés de barro dos seus fracos
argumentos.
Chegamos
então àquilo que podemos chamar de “Operação Blindagem”. Azevedo se mostra
pronto a mostrar suas garras afiadas. Ele não apresenta fatos consistentes para
explicar o porquê de Policarpo ser citado várias vezes, e de forma
comprometedora, com o notório contraventor Carlos Cachoeira. Como é de praxe, e
para ser coerente com uma de suas facetas, sua saída é o ataque rasteiro, sem
citações, evidências ou fundamentação factual:
“Há alguns dias, Policarpo Júnior, um dos redatores-chefes da VEJA e
comandante da sucursal da revista em Brasília, vem sendo vítima de uma campanha
asquerosa, movida por bandidos. Seus acusadores são notórios ladrões de
dinheiro público, escroques envolvidos com o submundo da espionagem — eles,
sim, flagrados em investigações da Polícia Federal —, notórios mamadores das
tetas do oficialismo. Não têm biografia, mas folha corrida. Estão associados ao
submundo do crime para tentar melar o processo do mensalão. Trabalham a serviço
de um notório chefe de quadrilha. Essa escória, no entanto, poderia estar
falando a verdade, claro… Mas não está! E são as próprias gravações feitas pela
Polícia Federal a prová-lo.”
Viram? Não há nada, só palavras de ódio desesperado. Quem são esses
bandidos? Ele não diz. O que eles fizeram para ser chamados assim? Ele também
não diz. Alguns poderiam achar que o “notório chefe de quadrilha” citado é José
Dirceu, pois é assim que o jornalista sempre se refere a ele, tomando sempre o
cuidado, claro, de pôr o adjetivo entre aspas, seguido de um “segundo o
Procurador-Geral”, visto o fato de o ex-presidente do PT ser um acusado, e não
um condenado. Afinal, todo réu, num sistema jurídico civilizado, deve possuir a
presunção de inocência, e ninguém deve sair por aí, de forma irresponsável e
leviana, condenando-o publicamente de forma sumária. Como o termo está sem
aspas, e sem a referência ao Procurador-Geral, deve estar falando de outra
pessoa. Ou seria o cúmulo do mau-caratismo.
No final do parágrafo ele diz que as gravações provam a
inocência de Policarpo. E ele cita um trecho pra comprovar sua tese:
“Cachoeira - O Policarpo, você conhece muito bem ele. Ele não faz favor pra
ninguém e muito menos pra você. Não se iluda, não (…) Os grandes furos do
Policarpo fomos nós que demos, rapaz (…) Ele não vai fazer nada procê.
Jairo - É, não, isso é verdade aí.
Cachoeira - Limpando esse Brasil, rapaz,
fazendo um bem do caralho por Brasil, essa corrupção aí. Quantos já foram,
rapaz!? E tudo via Policarpo. Agora, não é bom você falar isso com o Policarpo,
não, sabe? Você tem que afastar dele e a barriga dele doer, sabe? Tem que ter a
troca, ô Jairo. Nunca cobramos a troca.
Jairo - Isso é verdade.
Cachoeira - E fala pra ele (…) eu ganho
algum centavo seu, Policarpo? Não ganho (…) Nós temos de ter jornalista na mão,
ô Jairo! Nós temos que ter jornalista. O Policarpo nunca vai ser nosso…
Jairo - É, não tem não, não tem não.
Ele não tem mesmo não. Ele é foda!”
É um trecho forte, confesso! Mas não deixa de
ser um trecho, uma parte. Há muita coisa ignorada, que podem lançar novas luzes
quanto à real ligação que existe entre Cachoeira e Policarpo. Vejamos o que
segue:
“A parceria entre o jornalista Policarpo
Junior, editor-chefe e diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, e o
contraventor Carlinhos Cachoeira é anterior e vai além dos 200 telefonemas
entre eles, grampeados pela Polícia Federal, feitos no período de 2008 a 2010.
Sob o título de Sujeira para Todo Lado, reportagem assinada por Policarpo em 3
de novembro de 2004, na edição 1.878, teve como efeito prático criar um clima
político adverso à prisão de Carlos Cachoeira, cujo pedido neste sentido havia
sido feito pela unanimidade dos 58 deputados estaduais do Rio de Janeiro. Eles
aprovaram o relatório final da CPI da Loterj, mas a reportagem de Veja, feita
com base em conversas gravadas por auxiliares de Cachoeira entre eles próprios
e o então deputado federal pelo Rio de janeiro André Luiz, trata de cercar de
suspeitas a atuação da própria Comissão. No texto se diz que Cachoeira só teve
seu pedido de prisão requerido porque foi vítima de extorsão e se recusou a
pagar R$ 4 milhões para sossegar os ânimos dos deputados estaduais. Uma vítima,
portanto, e não um réu, como era o caso. (...)Mais forte que qualquer
apuração, a tese da reportagem, como se diz no jargão interno de Veja, era a de
que “o empresário de jogos Carlos Cachoeira”, como Policarpo o qualificava, era
um empresário honesto envolvido num cerco de chantagens. E foi isso o que foi
publicado. Sobre as acusações feitas contra Cachoeira na ocasião, nenhuma
menção na referida reportagem. Veja teve o cuidado, ao contrário, de levar suas
denúncias de tentativa de extorsão contra Cachoeira – cujas provas, repita-se,
foram gravadas por auxiliares do mesmo Cachoeira – a reverberar na Câmara dos
Deputados.”
O Brasil 247, sítio
onde colhi o trecho, e que cerrou fileiras em busca da verdade no caso
Cachoeira, começou a sofrer safanões. Esta manhã Reinaldo começou a atacá-lo,
novamente sem argumentos concretos, mas apenas com sofismas baratos. E não vai
parar por aí. Amanhã a verborragia continuará a correr, no mesmo ritmo das
novas denúncias. Eu, como não sou famoso, vou escapando das agressões. Quem
quiser conferir, é só procurar o blog
do jornalista. Afinal, a “Operação Blindagem”, não somente de Policarpo Júnior,
mas da revista Veja como um todo, está apenas começando.
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