sábado, 24 de dezembro de 2011

ISRAEL: PAÍS DO TERROR E DA DESFAÇATEZ


O Estado de Israel é um dos países mais interessantes da atualidade. Ele foi criado para ser a pátria de um povo, os judeus, alijado do mesmo território dois mil anos antes, e que passou por enormes perseguições durante esse período, principalmente no continente europeu, desde aquelas justificadas por questões religiosas, e culminando com a mais recente, e mais conhecida, motivada por uma ideologia baseada no nacionalismo e na pureza racial, o nazismo alemão.  Mas o que o torna interessante são as suas contradições.
            O país foi criado artificialmente pela ONU, em 1948, tendo sido necessário para a sua instalação, fazer uma realocação na região, habitada, na época, majoritariamente, por um povo muçulmano que vivia ali desde as últimas cruzadas, o povo palestino. Esse povo teve de ser retirado da terra que habitavam a centenas de anos para dar lugar a outro, com o qual possuía gritantes divergências, principalmente religiosas.
Para obedecer aos ditames do Ocidente, que patrocinou, subscreveu e tornou possível sua criação, o novo país teria de ser laico e democrático. Primeira questão: onde se encontra o apregoado laicismo de Israel? Na verdade, ele não existe, é uma falsidade. Sua própria Declaração de Independência já assegura a idéia de que o novo país é para o povo judeu. A sociedade, a cultura e os feriados israelenses são judaicos. A bandeira traz um milenar símbolo da cultura e da religião judaica. O dito laicismo é somente uma máscara para o país parecer moderno diante da mentalidade ocidental.
            Assim como a questão da democracia. A nossa mídia sempre tenta passar que o Estado de Israel é uma ilha de democracia em meio a um mar de ditaduras no Oriente Médio. Tentam nos convencer que em todas as guerras em que se mete Israel tem sempre razão, por causa dessa sua “qualidade superior”. Mas será que o país judeu é realmente democrático? Se depender das eleições, o que para a nossa mídia já é muita coisa, sim. Mas democracia não significa somente eleições. Se fosse assim o Irã, tão odiado por essa mesma mídia, também seria uma democracia, pois lá existem eleições periódicas pra presidente. Mas o cidadão israelense não-judeu, ou mesmo aqueles que o são, mas que não apóiam a política militarista de seu país, não possuem seus direitos garantidos. Garantia de direitos é coisa imprescindível em qualquer democracia. Em nome de um “estado de necessidade”, o Estado pratica contra seus cidadãos e outras pessoas, desde torturas até execuções extrajudiciais. Esse “estado de necessidade” se justifica, em tese, pela luta constante do país contra supostos terroristas vindos dos inimigos da vizinhança. Digo em tese porque na verdade é somente uma desculpa para eliminar opositores sem que se responda por isso perante a comunidade internacional.
            Por falar nisso, imagine se o que acontece em Israel ocorresse em Cuba. Ou mesmo no Irã. Os jornalistas mercenários do Brasil iriam pronunciar inflamados discursos defendendo liberdades e direitos humanos. Como Israel está inserido no esquema comercial mundial, o que não acontece com os outros dois países citados, tudo é permitido a ele. Coisa similar acontece com a Arábia Saudita, um dos regimes mais autoritários do mundo, blindado pelo fato de ser aliado inconteste do Ocidente no Oriente Médio. Mas sobre isso, ninguém nunca irá ouvir falar na nossa mídia.
            Assim como ninguém ouvirá contrapontos quando o assunto for terrorismo. Terrorista, para a grande mídia, e para a direita em geral, é somente aquele que mata inocentes em nome de uma causa revolucionária. Quem mata inocentes em nome da segurança nacional, como os exércitos americano e israelense, estão defendendo os valores supremos da civilização ocidental. E em se tratando de judeus, a coisa se torna emblemática, já que a maioria dos historiadores considera os zelotas, grupo judeu nacionalista da época do Império Romano, do qual faziam parte inclusive dois dos apóstolos de Jesus, como o primeiro grupo terrorista da história. Aliás, o próprio Estado de Israel é fruto, entre outras coisas evidentemente, da pressão causada por atentados contra britânicos e árabes, promovidos por grupos terroristas judaicos, como o Irgun. Esse grupo, sob a liderança do futuro primeiro-ministro israelense, Menachem Begin, organizou, inclusive, um dos maiores atentados da história da região: a explosão de uma bomba no hotel King David, em Jerusalém, em 22 de julho de 1946, cujo saldo foi de 91 mortos, incluindo britânicos, árabes e até judeus, e 45 feridos. Mais intrigante é o fato do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em 2006, ter promovido um evento comemorativo do atentado, com placa e tudo.
            Por fim, os israelenses são mestres no que eu chamo de prostituir a história. Isso significa usar a história a seu bel-prazer, ressaltando os fatos que lhe interessam e escondendo os que lhe constrangem. O objetivo é, de um lado, se mostrar sempre como vítima, e de outro, buscar justificação para seus crimes. Com base nisso, qualquer pessoa que faça críticas ao país é considerado anti-semita e acusado de não respeitar o passado de sofrimento do povo judeu. Esse discurso é propagado por nossa mídia, apoiadora incondicional do estado judeu. Isso só mostra o tamanho da desfaçatez de ambos. O Holocausto, página podre da história da humanidade, não pode jamais ser usado por qualquer pessoa racional e decente, como justificativa para o que Israel faz com os palestinos. Quem passou por ele sabe disso. A grande maioria dos que apóiam ou praticam o assassinato de inocentes árabes, só sabem o que foi o Holocausto por relatos de sobreviventes ou outras fontes, como qualquer um de nós. Quem o sofreu na pele reconhece o horror que existe na intolerância, e se recusa a agir da mesma forma com seus semelhantes. Usar o anti-semitismo como blindagem para crimes é nivelar por baixo o povo judeu e desrespeitar a memória dos que foram vítimas desse preconceito. 


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