terça-feira, 20 de dezembro de 2011

PEDRO BIAL E A FILOSOFIA


Palavras de Pedro Bial na final do Big Bhother Brasil 11: ‘’Olha só! Nós achamos que os gregos antigos eram mais inteligentes do que a gente, porque eles iam à Ágora. Ágora era a praça central das cidades gregas. Os filósofos, iam para a Ágora pensar sobre a vida. Quer dizer, filosofar. Quem já pensou, já se perguntou sobre a vida uma vez, já fez filosofia. Se foi boa filosofia ou não é outro papo. O filósofo Mark Rowlands acha uma bobagem a gente se considerar inferior aos gregos antigos, só porque a gente fica que nem batata no sofá vendo o Big Bhother, em fez de filosofar na Ágora.  E aí ele pergunta, matando a pau: porque os gregos antigos iam pra praça, para a Ágora? Ora, é claro, porque eles não tinham televisão. A televisão é a Ágora contemporânea, onde a gente discute e pensa a vida.’’
As palavras do “gênio” encheram de entusiasmo os fãs e participantes do programa, pois deu a eles um ar de importância e de intelectualidade. Acontece que as coisas não são bem assim. Infelizmente são poucos os que podem perceber o tamanho da imbecilidade dita pelo nada senhor Pedro Bial. Trata-se de mais uma forma do queridinho da Globo transformar telespectadores em toupeiras, como aliás já está acostumado a fazer há muito tempo.
O tal Mark Rowlands é um insosso filósofo estadunidense, que escreveu Tudo que Sei Aprendi com a TV, livro do qual Bial retirou sua pérola. A frase sobre os gregos está na Introdução do livro. O engraçado é que durante os oito capítulos restantes o autor vai simplesmente provar que tudo que sabe aprendeu com... os filósofos. Platão, Aristóteles, Zenão, Epicuro (todos gregos, quem diria), Schopenhauer, Nietzsche, Freud e Sartre são algumas de suas influências. As séries são simples acessórios para a explanação filosófica. Substituídas por outra coisa, dariam o mesmo sentido à explanação. O que isso significa, pra tristeza dos fãs “intelectuais” do BBB, é que o conteúdo do livro contradiz redondamente seu título. O autor, aliás, é bastante contraditório. Na mesma Introdução ele diz (página 9) que não vê televisão com intenções intelectualizadas, que não tem “pretensões cerebrais”. Santa filosofia de botequim!
Vamos agora às palavras de Pedro Bial. Os gregos não iam para a Ágora filosofar propriamente, pensar sobre a vida. Isso eles podiam fazer em casa. Eles iam lá tomar decisões políticas, o que, em essência, não quer dizer a mesma coisa. E os que praticavam filosofia, não o faziam por não terem televisão. Se fosse assim todos os antigos gregos eram filósofos. Ou então, por causa da televisão, ninguém hoje pensaria sobre a vida, faria filosofia. Nada disso é verdade. Rowlands e Bial se esquecem, quando falam essas baboseiras, que o ato de assistir preguiçosamente a televisão, não possui consonância nenhuma com o ato de filosofar. Filosofar é discutir, debater, questionar, usar a razão, sintetizar idéias. O BBB é capaz disso? Duvido muito. Programas de televisão desse estilo não discutem. Representam o mais puro entretenimento. Eles não nos dão respostas para os questionamentos da nossa vida. Se dessem, não seria preciso discuti-los. Isso tudo não passa de lobby dos profissionais da televisão (Bial), ou de quem quer aparecer de forma esdrúxula (Rowlands). Mesmo com a televisão, a internet, o rádio, ou qualquer outra coisa que possa vir a ser inventada, pessoas incomuns irão sempre trazer às outras a necessidade de filosofar, ou seja, de discutir as coisas da vida. A TV pode fazer isso até um determinado limite, pois necessita da ignorância alheia pra sobreviver, como diz o próprio Rowlands na página 164: “Há um ingrediente para a boa vida que falta a Homer (Simpson). E não é de surpreender, considerada sua predisposição para a cerveja Duff e a televisão: o pensamento. Em particular, o pensamento sobre a vida.” (negrito meu)

3 comentários:

  1. sou linda e gostosa e estou procurando um macho...rsrsrs

    thayseluyanne@hotmail.com
    missão veia- ceara

    ResponderExcluir

Este é um espaço para opiniões inteligentes, construtivas e argumentadas. Se baixar o nível, lembre-se que determinados insultos mostram mais sobre quem fala do que sobre quem ouve.