terça-feira, 17 de janeiro de 2012

AUGUSTO NUNES, O HOMOFÓBICO ENRUSTIDO


            O sucesso rápido do livro de Amaury Ribeiro Júnior, A Privataria Tucana, contando os podres do esquema das privatizações no governo FHC, está deixando os tucanos e seus sequazes do jornalismo de cabelo em pé. Tanto, que quando reagem à obra, eles não se atêm ao conteúdo, provando qualquer suposta inverdade nos documentos e acusações apresentadas. A reação vem nas formas mais inusitadas, desde não mencionar o nome do livro ou de seu autor, até invalidar este último, buscando mostrar seu passado supostamente pouco “honroso”. Escrevo “honroso” assim, entre aspas, pois em alguns casos essa palavra possui, pra essa gente, um significado enviesado, só deles.
            Exemplo disso são duas postagens de Augusto Nunes, (http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/o-pais-quer-saber/autor-do-livro-de-cabeceira-do-pt-tambem-escreveu-a-letra-de-marli-meu-travesti/ e http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/a-grande-descoberta-do-implicante-autor-do-livro-de-cabeceira-dos-milicianos-tambem-escreveu-a-letra-de-marli-meu-travesti/), em que ele pretende “desonrar” Amaury, por uma música gravada e composta por ele, chamada Marli Meu Travesti. Típico representante da nossa mídia neolacerdista, que bufa de raiva a qualquer coisa que represente a esquerda política (William Waack, Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Boris Casoy, Merval Pereira, Diogo Mainardi), Augusto, em sumo desespero, parte para um discurso anacrônico, de cunho moralizante e temperado com o mais deslavado preconceito. É o tipo de texto que não busca defender uma tese. É um discurso que apela para o achincalhe. Como tal, diz mais sobre o caráter de quem escreve do que ao alheio. Escancara o que há de mais escabroso em sua mentalidade, assim como na de seus fãs-comentaristas. Tá tudo lá! Preconceito, grosserias, baixezas!
            Fingindo defender a boa arte, o articulista esconde suas verdadeiras intenções. Quando é indagado de suas motivações, se esquiva, chama os mais pertinazes de milicianos (mesma linguagem de perseguido usada por seus colegas), e diz que só está homenageando o homem que abriu a “caixa preta” dos tucanos. Na verdade, quer apresentá-lo como alguém sem moral. E por que? Por que faz músicas ruins? Nada mais nonsense. Ou será por ele ser homossexual? Ao ler a fundo o texto e as respostas aos comentários, a conclusão só pode ser essa. Amaury não possuiria credibilidade pelo fato de manter relações com um travesti em um banheiro público, de viver junto com ele, e de ainda fazer uma música em sua homenagem. Tem que se voltar ao século XIX para se considerar sério um homem como o senhor Nunes. Incapaz de aceitar os fatos do livro, ou de usar argumentos sólidos para rebatê-lo, a homofobia é seu único instrumento discursivo. É outro exemplo da direita sem perspectiva. Ou pode ser somente puro exibicionismo. Quer platéia para afagar o ego e ganhar respaldo perante aqueles que lhe pagam o salário. Só falta o trechinho de Dylan Thomas no frontispício do blog.
            O problema de homens como Augusto Nunes é porque possui muitos leitores, o que o deixa com a ilusão de que tem respaldo pra dizer o que quer. É a lógica do mercado aplicada ao jornalismo: se tenho consumidores é porque tenho qualidade. Não questiono aqui sua liberdade enquanto jornalista. No entanto, há regras de ética e respeito superiores ao direito de falar o que se pensa dos outros e de tratá-los preconceituosamente. É lamentável que um órgão de imprensa, e um de seus mais importantes articulistas, possam descer tão baixo para atacar seus adversários. 

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