O
sucesso rápido do livro de Amaury Ribeiro Júnior, A Privataria Tucana, contando os podres do esquema das
privatizações no governo FHC, está deixando os tucanos e seus sequazes do
jornalismo de cabelo em pé. Tanto, que quando reagem à obra, eles não se atêm ao
conteúdo, provando qualquer suposta inverdade nos documentos e acusações
apresentadas. A reação vem nas formas mais inusitadas, desde não mencionar o
nome do livro ou de seu autor, até invalidar este último, buscando mostrar seu
passado supostamente pouco “honroso”. Escrevo “honroso” assim, entre aspas,
pois em alguns casos essa palavra possui, pra essa gente, um significado
enviesado, só deles.
Exemplo
disso são duas postagens de Augusto Nunes, (http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/o-pais-quer-saber/autor-do-livro-de-cabeceira-do-pt-tambem-escreveu-a-letra-de-marli-meu-travesti/
e http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/a-grande-descoberta-do-implicante-autor-do-livro-de-cabeceira-dos-milicianos-tambem-escreveu-a-letra-de-marli-meu-travesti/), em que ele pretende “desonrar” Amaury,
por uma música gravada e composta por ele, chamada Marli Meu Travesti. Típico representante da nossa mídia
neolacerdista, que bufa de raiva a qualquer coisa que represente a esquerda
política (William Waack, Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Boris Casoy, Merval
Pereira, Diogo Mainardi), Augusto, em sumo desespero, parte para um discurso
anacrônico, de cunho moralizante e temperado com o mais deslavado preconceito.
É o tipo de texto que não busca defender uma tese. É um discurso que apela para
o achincalhe. Como tal, diz mais sobre o caráter de quem escreve do que ao
alheio. Escancara o que há de mais escabroso em sua mentalidade, assim como na
de seus fãs-comentaristas. Tá tudo lá! Preconceito, grosserias, baixezas!
Fingindo
defender a boa arte, o articulista esconde suas verdadeiras intenções. Quando é
indagado de suas motivações, se esquiva, chama os mais pertinazes de milicianos
(mesma linguagem de perseguido usada por seus colegas), e diz que só está
homenageando o homem que abriu a “caixa preta” dos tucanos. Na verdade, quer
apresentá-lo como alguém sem moral. E por que? Por que faz músicas ruins? Nada
mais nonsense. Ou será por ele ser homossexual? Ao ler a fundo o texto e as
respostas aos comentários, a conclusão só pode ser essa. Amaury não possuiria
credibilidade pelo fato de manter relações com um travesti em um banheiro
público, de viver junto com ele, e de ainda fazer uma música em sua homenagem.
Tem que se voltar ao século XIX para se considerar sério um homem como o senhor
Nunes. Incapaz de aceitar os fatos do livro, ou de usar argumentos sólidos para
rebatê-lo, a homofobia é seu único instrumento discursivo. É outro exemplo da
direita sem perspectiva. Ou pode ser somente puro exibicionismo. Quer platéia
para afagar o ego e ganhar respaldo perante aqueles que lhe pagam o salário. Só
falta o trechinho de Dylan Thomas no frontispício do blog.
O problema de homens como Augusto
Nunes é porque possui muitos leitores, o que o deixa com a ilusão de que tem
respaldo pra dizer o que quer. É a lógica do mercado aplicada ao jornalismo: se
tenho consumidores é porque tenho qualidade. Não questiono aqui sua liberdade
enquanto jornalista. No entanto, há regras de ética e respeito superiores ao
direito de falar o que se pensa dos outros e de tratá-los preconceituosamente.
É lamentável que um órgão de imprensa, e um de seus mais importantes
articulistas, possam descer tão baixo para atacar seus adversários.
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