Quando
eu estava fazendo uma pesquisa na rede para escrever a postagem sobre o sertanejo
universitário (SERTANEJO NOVO. BESTEIRA ANTIGA, publicada em 26 de dezembro),
uma coisa me deixou bastante curioso. Tanto que resolvi postar à parte.
Trata-se das declarações do cantor Zezé di Camargo, colhidas por mim em duas
entrevistas dadas por ele, uma para a revista IstoÉ, e outra para o portal G1,
em que além de meter o sarrafo no “novo” estilo ele deixa transparecer aspectos
do seu modo de pensar a carreira e a arte que são bastante interessantes.
Zezé
é daqueles tipos de artista que acha que sucesso é tudo. Se você tem público
você tem qualidade. Ele é um dos principais defensores da arte como mercadoria.
O filme que conta sua história traz bem isso. O artista é entendido como tal
pelo que vende, e não pelo que faz. Ele esquece que arte é, acima de tudo,
visão de mundo, algo intrínseco, interior, do artista. A arte-mercadoria, preocupada
com o sucesso financeiro e com criar uma imagem pública, é artificial, uma
anti-arte. Ao criticar o sertanejo universitário, os argumentos do cantor são
condicionados a essas posturas. Sua preocupação com essa imagem pop é tão grande que quando perguntado
sobre o fato de sua filha Wanessa retirar o Camargo do nome artístico, ele
respondeu que a idéia foi sua, por causa de a filha trabalhar com um estilo
musical diferente. Não se pode confundir o consumidor!
Perguntado se achava que o novo sertanejo era de pior
qualidade ele responde: “Vai chegar um momento em
que vai haver uma peneira e vão ficar os melhores. O próprio público se
encarrega disso.” Acho que já ficou claro que o gosto do público é condicionado
pela propaganda, não pela qualidade. Além disso, percebe-se em toda essa
crítica uma pitadinha de despeito. Afinal, é uma concorrência comercial. É a
mesma tacanhice de quando ele fala na pirataria. Ele não quer ouvintes, ou
admiradores, ou apreciadores. Ele quer, pura e simplesmente, dinheiro.
Quem quiser conferir as entrevistas, e tiver saco para ver mais
besteiras do cantor, do tipo “você pode ter um
relacionamento sem amor, mas não sem sexo”, os links são http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/136926_HOMEM+NAO+E+FIEL+A+VIDA+TODA+ e http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL847946-7085,00-O+SERTANEJO+UNIVERSITARIO+REPETIU+DE+ANO+DIZEM+ZEZE+DI+CAMARGO+E+LUCIANO.html.
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