Não sou um
belicista. Nunca fui. Acredito na política e na força do diálogo para resolver
conflitos e diferenças. No entanto, já deixei claro no meu primeiro post (GUERRILHA: A VIOLÊNCIA COMO UM MAL
NECESSÁRIO), que o uso da força é legítimo quando se enfrenta um inimigo
tirânico. Deixei claro também que se a violência é abominável, o é sempre, seja
feita pelo BOPE ou pelas Farc. Mas todos sabem que não é assim. O Estado, por
exemplo, deve poder exercer a violência, como último recurso para coibir abusos
e crimes. Se o Estado não coíbe, ou pior, pratica ele próprio os abusos, o
cidadão é que detém o direito de lutar, até mesmo violentamente, contra o
opressor. E quem diz isso não sou eu. Basta ler a os escritos de Thomas
Jefferson ou de John Locke.
Digo isso
por causa da novela midiática atual, envolvendo a questão do direito de o Irã
possuir a tão temida bomba atômica. Vamos deixar bem claro. Não defendo o uso
da bomba. Também não morro de amores pelo Irã, país governado por um regime
teocrático islâmico, que obriga os homens a usarem barbas, utiliza a pena de
morte e possui uma visão do papel da mulher na sociedade totalmente diversa da
minha. No entanto, tudo isso envolve uma questão mais ampla.
A ponta de
lança da campanha contra o programa nuclear iraniano é nada menos que os EUA, o
que torna a questão bem emblemática. Afinal, os americanos possuem o maior
arsenal atômico e protagonizaram o único atentado desse tipo na história da
humanidade. Mas a desfaçatez desse país é enorme. E de seus principais
apoiantes: Israel, como é de praxe, e a mídia ocidental. O fato é que nenhum
deles tem moral para isso. Mesmo assim, continuam a usar argumentos moralistas
para convencer os mais incautos do mérito das suas concepções, como na época da
Guerra Fria. A verdade é que americanos e israelenses têm é medo da bomba dos
aiatolás. E estes, por sua vez, também se armam por medo. Afinal, Israel quer o
mundo islâmico de joelhos e há sempre o risco de os EUA invadirem qualquer país
impunemente, vide o exemplo do Iraque. Aqui se trata do direito fundamental de
qualquer nação que se considere soberana: o direito à própria defesa.
Nós,
brasileiros, não temos nada a ver com isso. Não vale a pena tomarmos partido
por ninguém. Mas sendo uma questão de direito internacional, o princípio da
soberania nacional vale mais que qualquer outra coisa. E ninguém delegou aos
EUA ou a Israel a função de polícia do mundo. Se eles são tão contrários ao uso
da tecnologia atômica, desfaçam-se eles mesmos de suas potentes armas. Senão,
que larguem de hipocrisia e resolvam seus problemas de forma mais diplomática,
deixando de tratar os outros como se fossem seus vassalos. A reação ao
desrespeito vem sempre na mesma moeda.
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