quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O IRÃ, A BOMBA E O DIREITO DE SE DEFENDER


            Não sou um belicista. Nunca fui. Acredito na política e na força do diálogo para resolver conflitos e diferenças. No entanto, já deixei claro no meu primeiro post (GUERRILHA: A VIOLÊNCIA COMO UM MAL NECESSÁRIO), que o uso da força é legítimo quando se enfrenta um inimigo tirânico. Deixei claro também que se a violência é abominável, o é sempre, seja feita pelo BOPE ou pelas Farc. Mas todos sabem que não é assim. O Estado, por exemplo, deve poder exercer a violência, como último recurso para coibir abusos e crimes. Se o Estado não coíbe, ou pior, pratica ele próprio os abusos, o cidadão é que detém o direito de lutar, até mesmo violentamente, contra o opressor. E quem diz isso não sou eu. Basta ler a os escritos de Thomas Jefferson ou de John Locke.
            Digo isso por causa da novela midiática atual, envolvendo a questão do direito de o Irã possuir a tão temida bomba atômica. Vamos deixar bem claro. Não defendo o uso da bomba. Também não morro de amores pelo Irã, país governado por um regime teocrático islâmico, que obriga os homens a usarem barbas, utiliza a pena de morte e possui uma visão do papel da mulher na sociedade totalmente diversa da minha. No entanto, tudo isso envolve uma questão mais ampla.
            A ponta de lança da campanha contra o programa nuclear iraniano é nada menos que os EUA, o que torna a questão bem emblemática. Afinal, os americanos possuem o maior arsenal atômico e protagonizaram o único atentado desse tipo na história da humanidade. Mas a desfaçatez desse país é enorme. E de seus principais apoiantes: Israel, como é de praxe, e a mídia ocidental. O fato é que nenhum deles tem moral para isso. Mesmo assim, continuam a usar argumentos moralistas para convencer os mais incautos do mérito das suas concepções, como na época da Guerra Fria. A verdade é que americanos e israelenses têm é medo da bomba dos aiatolás. E estes, por sua vez, também se armam por medo. Afinal, Israel quer o mundo islâmico de joelhos e há sempre o risco de os EUA invadirem qualquer país impunemente, vide o exemplo do Iraque. Aqui se trata do direito fundamental de qualquer nação que se considere soberana: o direito à própria defesa.
            Nós, brasileiros, não temos nada a ver com isso. Não vale a pena tomarmos partido por ninguém. Mas sendo uma questão de direito internacional, o princípio da soberania nacional vale mais que qualquer outra coisa. E ninguém delegou aos EUA ou a Israel a função de polícia do mundo. Se eles são tão contrários ao uso da tecnologia atômica, desfaçam-se eles mesmos de suas potentes armas. Senão, que larguem de hipocrisia e resolvam seus problemas de forma mais diplomática, deixando de tratar os outros como se fossem seus vassalos. A reação ao desrespeito vem sempre na mesma moeda.  

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