sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

MARCOS, O GRANDE, DÁ ADEUS AOS GRAMADOS


    

        O palmeirense está de luto. Um luto esportivo, como disse um comentarista. O futebol brasileiro como um todo também deve estar. Afinal, sai de cena um dos esportistas mais competentes, corretos, leais e carismáticos deste país: Marcos Roberto Silveira Reis, o Marcão, São Marcos, Marcos do Palmeiras, Marcos do Penta. O anúncio foi feito na quarta, 4 de janeiro.
            Com 38 anos de idade, quase 20 de carreira e 22 títulos, três deles com a Seleção Brasileira, incluindo o pentacampeonato mundial de 2002, em que foi decisivo, Marcos representa um tipo raro de profissional. Primeiro, por ser praticamente uma unanimidade. Idolatrado pelos palmeirenses, o goleiro é respeitado por torcedores de todos os clubes do Brasil. Ninguém duvida da sua extrema competência debaixo das traves. Segundo, pela sua postura e comportamento, sem apelar para marketings baratos ou visuais espalhafatosos, ou mesmo para o tipo capa de revista de moda. Não era bonitinho ou garoto propaganda. Nem era uma caricatura. Era goleiro e pronto. Terceiro, por ser leal ao seu clube e à sua torcida, por defender a camisa, por ser ele mesmo um torcedor. Como poucos da atualidade (Casillas, Puyol, Totti, Xavi Hernández, Shovkovskyi, Rogério Ceni) Marcos só atuou profissionalmente pelo Palmeiras. Prova maior do seu compromisso com o clube, foi quando no início de 2003, após o rebaixamento da sua equipe para a Série B do Brasileirão, recusou uma proposta de 45 milhões do Arsenal, para colocar o time de volta no escalão de elite do futebol brasileiro. Finalmente, por ser uma pessoa extremamente carismática. Um carisma que impõe respeito. Tanto é que quando critica o time, nem o presidente o replica.
            Mas nem todos são tão justos com São Marcos. Para quem foi um dos grandes responsáveis pelo penta do Brasil em 2002 (cf. vídeos no final), junto com Ronaldo, Rivaldo, Scolari e Oliver Kahn, o goleiro não possui seu nome no Hall da Fama da Seleção Brasileira. Estão lá os nomes de Julinho Botelho, cujo único título com a Seleção foi a Copa Rocca de 1960, e de Sócrates e Falcão, jogadores de renome, mas que nunca ganharam sequer uma Copa América. Os dois únicos goleiros da lista são o campeão de 58 e 62 Gylmar, e o de 94, Taffarel. E o palmeirense não deixa a desejar a nenhum deles.
            Para mim pessoalmente, torcedor alviverde desde os oito anos, antes mesmo do bicampeonato 93/94, e que gosto de brincar de goleiro (muito ruim, por sinal), Marcão foi mais que um ídolo, foi uma referência. Não dá pra separar o atleta do homem. Sua vida é um exemplo pra quem quer ser as duas coisas em plenitude, pois foi assim que ele viveu. Exemplo maior foi a atitude que tomou de não cobrar pênalti quando o Palmeiras vencia o Avaí por 4x0, dia 09 de julho do ano passado, em jogo válido pela 5ª rodada do Campeonato Brasileiro. Ele alegou que não seria justo com o jovem goleiro do Avaí, que já tinha levado quatro, e que ele não era o batedor do time, sendo covardia aproveitar a goleada para fazer a cobrança. Qualquer um teria batido e seria uma coisa normal. Mas os grandes definitivamente não são normais.
            Que Deus continue abençoando esse grande homem e excepcional atleta. Que ele continue, como sempre fez, sendo um exemplo para todos. E que continue engajado no futebol, dando sua força para os novos talentos que vão aparecendo e que sempre precisam de boas referências. Valeu Marcão!!!

OBS.: Como prometido, aí vão os dois vídeos, que mostram os milagres de São Marcos na final da Copa de 2002. Duas defesas, sem dúvida nenhuma, para pouquíssimos goleiros. Lembrando que a partida terminou Brasil 2x0 Alemanha, evitaram o empate no tempo regulamentar, resultado que poderia ter alterado, mais tarde, o destino da taça. Sei que muitos lembram desses lances. Mas sempre é bom refrescar a memória.



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